Mais um capítulo.
Já sabem: comentem!
Abandoned
33º Capítulo
Olhei, surpreendida, para Neferet.
O choque explodia-me de todos os poros. Stevie Rae matara Kayla –sim, eu odiava aquela cabra, mas não queria que morresse… acho…-, Erik mudara, Neferet descobrira-nos.
-Um aviso para vocês as duas: Da próxima vez que tentarem invadir os meus túneis, não deixem uma adolescente a passear com isso na cabeça , e não telefonem a Lenobia a informa-la de que à um cavalo com cólicas nos seus estábulos dez minutos antes do meu ritual. Ah, e não fujam pouco antes do meu ritual… Parece que precisam de melhorar algumas coisas nesses aspectos…
-Ora boa! Agora temos os um bando de taraditos sugadores de sangue E a taradita-mor… -ironizou Afrodite.
Os olhos de Neferet flamejaram na sua direcção –sim, já não se limitaram a faiscar, agora ardiam e tudo…
-Quem és tu, Afrodite LaFont, revogada por Nyx, para insultares uma Sumo-Sarcedotista? –perguntou, calmamente.
-Pensei que sabia quando disse o meu nome –fez o seu sorriso doce e colocou a voz a condizer.
-Basta! –estalou Neferet –Não dura mais uma hora, Miss LaFont –a imitação cravejada de raiva de Neferet criou um ambiente diferente, como uma recomendação de prudência.
-E vai fazer o quê? –perguntou Afrodite, no mesmo tom de anteriormente.
Neferet sorriu.
-Mata-a –sibilou.
E depois alguém sai das sombras. Não era um daqueles mortos-vivos encharcados em sangue seco, era um vampyro, um vampyro incrivelmente sensual, incrivelmente bonito…
-Loren?! –perguntei, chocada.
Neferet deitou-me um sorriso cínico.
-Porquê, acreditavas que te amava? –a voz adoptou um tom maternal falso e odioso.
Fiquei especada, como uma verdadeira idiota, a olhar para eles.
Ele ajoelhou-se diante de Neferet.
-Mas que…? –comecei.
-Não irias perceber –adiantou-se ela –Ele não é quem tu julgas ser. Está preso a mim, jurou-me obediência.
-E em troca de quê? –a magoa dera lugar à raiva dentro de mim –O que é que tu lhe podias dar?
Ela tornou a sorrir.
-Sangue –respondeu.
-S…Sangue? –gaguejei. É que era preciso ser idiota para andar por ai a sorver o sangue de uma Sumo-Sarcedotista psicopata.
-Não vem de agora. –respondeu. Sabia que não podia ver o que se passava na minha cabeça, mas podia sempre calcular, e a minha expressão deveria mostrar a minha pergunta –É antigo, muito antigo. Já vem dos meus primeiros tempos enquanto Sumo-Sarcedotita, a nossa impressão vem de desde à muito.
A palavra atingiu-me como um balde de água fria.
-Impressão… -murmurei. Não era uma pergunta, mas antes uma afirmação, o que não interessava pois ela respondeu.
-Sim. Sabes, quando precisei de uns certos… favores, cortei-lhe o abastecimento… Não sabes o quanto me custou, mas ele cedeu depressa… Já viste os sacrifícios que faço por tua causa? –a falsidade encheu-me com tanta raiva que quase desejei ser como Stevie Rae e poder atirar-me ao seu pescoço –E tu agradeces-me fugindo aos meus rituais… -abanou a cabeça –Isso não se faz…
-E isso interessa? –perguntei, deixando sair todo o ódio, toda a magoa e toda a dor que sentia. A minha raiva aumentou e eu tornei a berrar –E ISSO INTERESSA? Destrui-o a minha vida!
Concentrei o meu poder numa mão flamejante e atirei-lho. A bola de fogo tê-la-ia atingido na cara, se Loren, obrigado pelo seu juramento, não se tivesse posto à frente para levar com ela no peito.
Gritou de dor e agonia, e Neferet gritou também, pois sentia parte da sua dor.
Nesse momento chegaram mais iniciados esquisitos, atraídos pelos berros e por Neferet, como se esta se trata-se de um íman.
Afrodite estava colada à parede, mas quando os viu chegar não hesitou. Tirou um punhal (ironicamente, era de prata) que trouxera –para o que der e vier? Mas o raio da miúda passava-se, só podia! –E atirou-se à primeira das criaturas que viu.
Elliot vinha na cabeça do grupo, dai Afrodite ter-se atirado a ele. A lesma guinchou, e atacou-a com os dentes.
Nesse momento, e aproveitando o tempo em que Neferet se debatia no chão, invoquei os elementos.
-Ar, atende às minhas preces, e por favor ajuda-me a vencer os males que me afligem tanto a mim quanto ao Mundo. Eu te invoco, Ar!
Rajadas de ventos furiosos apanharam as criaturas atirando-as contra a parede, ferindo-as. Algumas fora feridas letalmente, devido à força com que as cabeças haviam batido na rocha, outra ainda cambaleavam ou coxeavam, mas a maioria já estava de pé de novo.
Um pequeno assomo de fraqueza obrigou-me a sorver um pouco do sangue que tinha no bolso, enquanto as “coisas” se recompunham .
Nesse instante chegou mais alguém.
-Zo? Mas que raio é que se passa aqui? –perguntou Erik.
-Nada. -foi a única coisa que pude responder –Explico depois!
-E o que é que eu faço –interrogou, confuso.
-Mata, magoa… O que quiseres, essas coisas não podem sobreviver. –vi o medo apoderar-se dele, sem saber o que fazer –Inventa!
E inventou. Com a simples força dos braços revigorados, atacou-os.
Continuei a invocar os elementos, até aquele sitio se tornar um remoinho de Fogo, Água, Terra e Ar. Não invocara o Espírito, pois não me parecia que fosse um elemento dado a qualquer espécie de guerra.
Enquanto os elementos agiam no meio da sala, Neferet e Loren recuperaram.
Vi pelo canto do olho Erik partir um braço a qualquer coisa, Loren ataca-lo, e Afrodite… Ser atacada por Vénus.
Enrolaram-se completamente. Vénus estava possessa. Mordia e arranhava, não restava nada humano nos seus olhos, não queria saber de Afrodite, limitava-se a defender aquilo que era seu.
Afrodite gritou com uma dor lancinante, embora Vénus não lhe tivesse feito nada. Gritava porque estava a sofrer, gritava pelo sofrimento que o seu acto seguinte lhe provocou.
Ergueu o punhal bem alto, sem tempo para reflectir nisso, e num gesto rápido, cravou-o no coração de Vénus.
As lágrimas corriam pelo seu rosto quando Vénus berrou de dor, mas não parou. Voltou a soerguer o punhal e a espeta-lo na sua barriga, mesmo depois dela já jazer morta debaixo de si, as lágrimas molhavam-lhe a camisola ou caiam em cima de Vénus, misturando-se com o sangue.
Parou, por fim. A ideia provocou-me arrepios, vendo-me a mim própria a matar Stevie Rae, mas sabia que ela agira correctamente, Vénus não tinha emenda.
Deitou-se sobre o corpo da melhor amiga, a chorar convulsivamente. A minha concentração quebrou-se por segundos e senti o poder dos elementos reduzir no pequeno tornado à nossa volta.
Entretanto, Neferet levantou-se, murmurou qualquer coisa e eu senti-me atingida por uma enorme força que me levou a embater na parede.
A força começava a faltar-me, tanto que me vi obrigada a deixar cair o resto do poder que sustentava o Ar, a Terra, a Água e o Fogo.
-Então, -perguntou Neferet docemente falsa –Não tens forças para lutar? A protegida de Nyx não tem a coragem necessária para se levantar e enfrentar o seu destino? –riu-se, a voz carregada de ironia adoptou um tom forte e triunfante –Não queiras saber quanto poder carrego… Não passas de uma criança… Não sabes o que te posso fazer…
“Nada. Não pode fazer nada contra o poder de Nyx! Ergue-te Zoey, eu própria te darei forças para lutar” ecoou uma voz na minha cabeça. Nyx.
Nesse momento, senti-me assolada por uma força devastadora, capaz de destruir qualquer coisa.
-Sei. –respondi, sorrindo –Mas não sabes o que Nyx te pode fazer…
Neferet pareceu confusa por dois segundos, antes de eu lhe atirar com uma onda de vento estrondosa que atirou toda a gente ao chão.
Mal teve tempo de murmurar mais qualquer coisa e de forjar uma espécie de escudo à sua volta.
Os olhos brilhavam como os de uma louca –ou seja, finalmente mostravam a verdadeira psicopata egocêntrica tarada que ela era.
Senti o choque do embate arrastar-me um pouco para trás. Neferet fez avançar o seu “campo de forças” até que este me viesse embater no estômago e me fizesse vomitar todas as coca-colas que tinha bebido.
Reagi da mesma maneira que ela, fazendo circular possantes correntes de ar à minha volta, com o intuito se barrar qualquer coisa que me tentasse atingir –sim, naquele momento tudo parecia retirado de um qualquer filme de acção barato.
Coloquei mais outras duas correntes de ar a envolver Stevie Rae, Afrodite e Erik (os outros que se lixassem) antes de chamar a mim todas as forças que me restavam, assim como todos os elementos (incluindo o Espírito).
Ondas furiosas de uma tempestade embatiam-me nas pernas, um tornado furioso punha os meus cabelos em torvelinho, relâmpagos estalavam aos meus ouvidos e a terra tremia violentamente. O Espírito, por seu lado, enchia-me de coragem, e agravava o estado de tudo o resto.
Imaginei o meu aspecto naquele momento, devia estar aterradora e gloriosa rodeada pelos elementos furiosos. E não fui apenas eu quem pensou assim, porque todos os rostos se viraram para mim nesse instante.
Respirei fundo, vi o choque de Neferet por uns segundos, e avancei tudo o que tinha.
Sentia o poder furioso romper todas as barreiras dela como se fossem meras folhas de papel. Encontrava-me já a poucos centímetros quando encontrei uma outra resistência desesperada.
“Fizeste mal em meter-te com Nyx” Foi a mensagem que lhe passei, juntamente com os elementos, quando estes furaram a barreira, e provocaram uma enorme explosão.
Fui arremessada para trás. A minha barreira de correntes de ar abriu um enorme buraco na pedra. Estava a ficar mais fraca. Senti as barreiras de Stevie Rae, Afrodite e Erik romperem-se, após um ultimo esforço.
Já cavara cerca de três metros de rocha quando não pude suportar mais nada. A barreira quebrou-se, o meu corpo embateu na pedra dura e fria, a visão tremeluziu, e eu apaguei-me.
(Próximo capítulo: terça-feira, ás 16h)