Olá Filhos e Filhas das Trevas!
Hoje é o dia de lançamento oficial de Hidden, décimo livro da nossa série preferida. De modo a não deixar este dia passar em branco, até porque ainda falta muito para o livro ser lançado em Portugal, deixo-vos parte do primeiro capitulo de Hidden traduzido. Não tive tempo para o traduzir todo, muito menos para o rever, mas espero que gostem. Com trabalho, mestrado, procurar casa, administração do blogue e ter uma vida (LOL) não tive tempo para mais.
Hidden
Capitulo 1
Lenobia
O sonho de Lenobia foi tão relaxante que o tão familiar sonho trouxe-lhe um senso de realidade que ultrapassou a esfera de saídas e fantasias subconscientes e se tornou, desde o inicio, muito dolorosamente real.
Isto começou com uma memória. Décadas, e depois séculos, deixaram para trás uma Lenobia jovem e ingénua, no porão do navio que a tinha levado de França para a América - de um mundo para o outro. Foi durante esta jornada que Lenobia conheceu Martin, o homem que deveria ter sido o seu Companheiro para o resto da vida. Em vez disso ele morreu jovem demais e levou o seu amor para a sepultura.
No seu sonho, Lenobia podia sentir a suave rodagem do navio e sentir o cheiro a cavalos e feno, mar e peixe - e de Martin. Sempre o Martin. Ele estava de pé à sua frente, olhando-a com os seus olhos que era oliva, âmbar e preocupação. Ela acabara de dizer que o amava.
"É impossível." A memória do sonho repetia-se na sua mente, de como Martin pegou na sua mão e a levantou gentilmente. Ele levantou o seu braço até os dois estarem lado a lado. "Vês a diferença, não vês?"
A sonhadora Lenobia fez uma pequena e muda exclamação de dor. O som da sua voz! Aquele distinto sotaque crioulo - profundo, sensual, único. Este era o som agridoce da sua voz e o seu lindo sotaque que manteve Lenobia longe de Nova Orleães por mais de dois mil anos.
"Não," a jovem Lenobia respondeu à pergunta dele enquanto baixava ambos os braços - um castanho e outro branco - que antes estavam juntos. "Tudo o que vejo és tu."
Ainda profundamente adormecida, Lenobia, A Mestre de Equitação da Casa da Noite de Tulsa, movia-se incessantemente, como se o seu corpo quisesse forçar a sua mente a acordar. Mas nesta noite a sua mente não obedeceu. Nesta noite os sonhos e o que poderia ter sido comandavam.
A sequência de memórias mudaram e passaram a outra cena, ainda no mesmo barco, ainda com Martin, mas dias depois. Ele estava a dar-lhe uma longa sequência de couro preso a uma pequena bolsa tingida de um profundo azul safira. Martin põe-la à volta do seu pescoço enquanto diz, "Este Gris-Gris* peotege-te, cherie**."
No espaço de uma batida cardíaca, a memória desapareceu e o tempo passou para um século depois. Uma Lenobia mais velha, sábia e cínica embalava a pequena bolsa nas mãos, enquanto esta ia perdendo o seu conteúdo - treze coisas, tal como Martin lhe dissera - mas a maioria delas tornou-se irreconhecível no decorrer do século em que ela usou o seu charme. Lenobia lembrara-se de um ligeiro aroma de zimbro, da suavidade do seixo de argila antes deste virar pó, e a pena de uma pequena pomba que se desintegrou entre os seus dedos. Mas acima de tudo, Lenobia lembrara-se a corrente de adrenalina que sentira quando, no meio dos restos desintegrados do amor e proteção de Martin, ela descobriu algo que o tempo não conseguiu desgastar. Era um anel - esmeralda esculpida em forma de coração, rodeado com pequenos diamantes banhados a ouro.
"O coração da tua mãe-o teu coração-o meu coração, "Sussurrou Lenobia enquanto deslizava o anel pelo seu dedo anelar. "Ainda sinto a tua falta, Martin. Nunca me esqueci. Jurei-o."
E então as memórias do sonho mudaram outra vez e levaram Lenobia de volta a Martin, mas desta vez eles não estavam no mar à procura um do outro e a apaixonar-se. Esta memória era obscura e terrível. Mesmo a sonhar, Lenobia sabia o lugar e a data: Nova Orleães, 21 de Março, 1788, pouco depois do pôr-do-sol.
Os estábulos tinham explodido e Martin tinha salvado-a, levando-a para fora das chamas.
"Oh, não! Martin! Não!" Tinha gritado Lenobia para ele na altura, agora ela gemia, debatendo-se para acordar antes que tivesse que reviver o terrível fim da sua memória.
Ela não acordava. Em vez disso, ouviu o seu único amor repetir as palavras que lhe partiram o coração à duzentos anos atrás, sentindo-o como se estivesse cru e fresco.
"Tarde demais, cherie. Este mundo veio tarde demais para nós. Penso que te verei outra vez. O meu amor por ti não acaba aqui. O meu amor por ti, nunca acabará. . . vou encontrar-te outra vez, cherie. Prometo."
Enquanto Martin capturava o malvado humano que tentava escravizá-la, e que depois voltou para o estábulo em chamas com ele, salvando assim a vida de Lenobia, a Mestre de Equitação foi finalmente capaz de acordar com um doloroso soluço. Ela sentou-se na cama, e com a mão a tremer afastou uma madeixa da cara.
O primeiro pensamento de Lenobia ao acordar foi para a sua companheira. Através da conexão psíquica que partilhavam, ela pôde sentir que aquela Mujaji estava agitada, quase em pânico. "Shhh, minha linda. Volta a dormir. Eu estou bem." Lenobia falou alto, enviando sentimento calmantes para a égua negra com quem ela tinha um laço especial. Sentindo-se culpada por perturbar Mijaji, curvou a cabeça e embalou a sua mão, rodando o anel de esmeralda no seu dedo.
"Pára de ser tola," Dizia Lenobia firmemente a si mesma. "Foi apenas um sonho. Eu estou salva. Não voltei para lá. O que aconteceu lá não me pode magoar mais do que já magoou." Lenobia mentiu para si mesma. Eu posso ser magoada outra vez. Se Martin voltasse - voltasse de verdade - o meu coração podia ser magoado outra vez. Outro soluço fugiu de Lenobia, mas ela pressionou os lábios e forçou as suas emoções a controlarem-se.
Ele talvez não seja o Martin, disse a si mesma firmemente, logicamente. Travis Foster, o novo humano contratado por Neferet para a ajudar nos estábulos, foi simplesmente uma óptima distracção - ele e a sua grande e linda égua Percheron.
"E será provavelmente por isso que Neferet o contratou," murmurou Lenobia. "Para me distrair. E a sua Percheron é apenas uma estranha coincidência.." Lenobia fechou os olhos e bloqueou as memórias do seu passado, para depois repetir alto, "Travis pode não ser o Martin reencarnado. Eu sei que a minha reacção perante ele é estranhamente forte, mas já fez muito tempo desde que tive um amante." Tu nunca tiveste um amante humano - tu juraste que nunca terias, lembrou-lhe a sua consciência. "Por isso é que já tive um amante vampyro, apesar de ter sido por pouco tempo.. E esse tipo de distracção seria boa para mim." Lenobia tentava ocupar a sua imaginação com a consideração e depois a rejeição de uma lista de extraordinários Guerreiros Filhos de Erebus, os olhos da sua mente não os vê os seus corpo fortes e musculados, em vez disso visiona uns olhos castanhos whisky tingidos com um familiar verde oliva e um sorriso determinado...
"Não!" Ela não iria pensar nisso. Ela não pensaria nele.
Mas e se Travis tivesse a alma de Martin? Murmurava a errática mente de Lenobia. Ele deu a sua palavra que me encontraria outra vez.
Talvez ele o tenha feito. "E agora?" Lenobia começou a andar sem parar. "Eu sei bem demais a fragilidade dos humanos. Eles são muito fáceis de matar, e hoje-em-dia o mundo é ainda mais perigoso que em 1788. O meu amor terminou em desgosto e chamas, tudo de uma vez. E isso foi demais." Lenobia parou e colocou a sua face nas suas mãos, enquanto o seu coração percebia a verdade, e bombeou-a através do seu corpo e alma, tornando-a realidade. "Sou uma cobarde. Se o Travis não é o Martin que voltou para mim, então eu não quero abrir-me para ele - para ter a oportunidade de amar outro humano. E se ele é o Martin que voltou para mim, não posso evitar o inevitável. Eu perdê-lo-ei outra vez."
*Talismã de Voodoo originário de África concebido para protecção e sorte. Em alguns países do oeste de África usam-no como contraceptivo.
** Querida, em francês.
Que Nyx vos abençoe!
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