Espero que gostem, e já sabem: comentem!
Abandoned
36º Capítulo
36º Capítulo
-Hum? –perguntei, confusa.
-Sabia que vinhas ter comigo Zoey.
-E como sabia que…? –interrompi-me, eu estava a falar com uma estranha qualquer, sem saber quem era ou o que queria, então porque raio estaria a falar com ela? Claro que não fazia sentido, mas a maioria das coisas na minha vida deixaram de fazer sentido, por isso, embora não fizesse sentido, eu devia ficar e falar com ela –outra coisa sem sentido nenhum: Eu sabia que sim, mas não sabia porquê.
-Que tu vinhas? –completou –Fácil, ele disse-me –e acenou suavemente na direcção de Lord, que ainda repousava de encontro ao seu peito.
-Isso não faz sentido –afirmei.
-Que eu consiga falar com um gato? –inquiriu, gentilmente, como se eu fosse uma criancinha inexperiente que não sabia nada sobre nada.
-Não, que consiga falar com ESSE gato.
-E qual é a diferença entre este gato e os outros?
-A diferença entre esse gato e os outros, é que esse gato já pertence a alguém, e já fala com alguém, então é impossível que uma HUMANA –vinculei a palavra, com o intuito de lhe mostrar que isso tinha muito peso na minha avaliação –consiga fazer o mesmo que uma VAMPYRA com uma afinidade.
Ela sorriu.
-Zoey, existem coisas que tens de aprender (muitas coisas, aliás) sobre humanos e vampyros. –depois acenou com a mão –Venham comigo.
Outra coisa sem sentido fez-me perceber que tinha mesmo de ir.
Acenei aos outros e segui a mulher até dentro de uma casa.
Estava tudo negro como breu para lá da porta, o que pensei dever-se apenas ao facto de não haver luz nas ruas, mas que rapidamente encontrou outra resposta.
À luz fraca da candeia que ela levava, pude verificar que o corredor, que era largo (O suficiente para uma mesa comprida passar por ali com facilidade, tal como os seus transportadores –outra prova de que não sei fazer comparações ), tinha as paredes pretas, e uma grande cortina de seda preta flutuava também de encontro à mesma.
Passei as mão pela cortina, afastei-a suavemente e deslizei a mão pelo veludo negro e macio. Mais à frente, distinguia-se outra luz proveniente de uma candeia, ou talvez não fosse uma, mas sim muitas.
Quando nos aproximamos mais, foi-me possível verificar que de cada lado do corredor estavam compridas mesas de pedra, abrangidas pelo volume da cortina de seda preta e translúcida. Na mesa, encontravam-se uma enorme variedade de objectos, regularmente iluminados com velas.
O choque percorreu o meu corpo.
Todos os objectos ali presentes eram de culto, assim como as velas, de varias cores: eram objectos de culto a Nyx!
Haviam estatuas da Deusa, de braços abertos com uma lua nas mão, com as pernas cruzadas e rodeada pelos elementos, sentada numa cadeira de mármore preto e rodeada de gatos de pedras cor-de-laranja, negras, brancas ou castanhas.
Dispostos sobre as mesas ou pendurados nas paredes estavam também diversos quadros, alguns dos quais reconheci, pois eram uma representação mais detalhada das insígnias dos vários anos.
As velas roxas, verdes, amarelas, vermelhas e azuis estavam acesas colocadas a distâncias iguais, exactamente pela mesma ordem.
-Mas…
-Queres saber porque tenho tantos objectos de culto a Nyx? Porque está o meu corredor coberto de quadros sobre a Deusa e porque são as minhas velas dispostas da mesma maneira e da mesma cor que as velas do circulo? –completou.
Acenei.
Sorriu-me, docemente.
-Eu conto-vos tudo, esperem até chegarmos à sala.
Conduziu-nos até uma nova divisão, esta era ampla.
As paredes eram cor de esmeralda, com uma grande lareira em mármore preto a arder perto do sitio onde se encontravam sofás grandes, com armações de prata, e revestidos com tecido leve, de cor semelhante à da parede.
O chão era de carvalho escuro. Toda a divisão era iluminada por brandes candeeiros de varias lâmpadas, e, com excepção de algumas velas de representação dos elementos, tudo parecia decorado a esmeralda, preto e prata –incluindo uma enorme estatua de Nyx, esculpida de novo em mármore (preto), com uma grande esmeralda em forma de lua cheia e com mais de mil faces a repousar sobre as mãos abertas em concha –aparentemente, era podre de rica.
Sentamo-nos todos nos sofás macios, perto da lareira. As pesadas cortinas tinham sido corridas, dai apenas se ouvir um eco sombrio dos gritos lá fora.
-Quem é? –perguntou Erik. Olhei para ele, surpreendida, pois estivera sempre calado, no entanto, a sua voz soara algo fria.
-Chamo-me Theodora, e sou, tal como vocês, seguidora de Nyx.
Levantei as sobrancelhas, confusa.
-Uma historia comprida.
-Temos tempo –ripostou Erik.
Theodora suspirou.
-Tanto eu como a minha família sempre fomos devotos de Nyx. Tanto eu como a minha irmã ansiávamos e sonhávamos com sermos abençoadas por Nyx, e depois marcadas. No entanto, não me saiu a sorte a mim, mas sim à minha irmã. Vou resumir uma historia comprida, e limitar-me a dizer que teve uma sorte infeliz…
-Não sobreviveu à Mudança? –inquiri.
-Não, ela sobreviveu à Mudança, no entanto, pereceu numa viagem que fez à Transilvânia, quando investigava alguns factos sobre o eventual Conde Drácula. Ao que parece foi apanhada por homens cruéis, que pareciam acreditar com todas as suas forças que os vampyros eram criaturas pérfidas e malvadas, e que andavam na Transilvânia com o mesmo intuito que ela, mas ao que parece usariam algumas informações para levar a sua avante.
»A dor da morte da minha irmã, que sempre fora a minha melhor amiga e confessora, levou-me a procurar outros que partilhassem a minha fé. Essa altura foi quando encontrei James.
»Era um pouco mais velho do que eu, mas totalmente devoto à Deusa. Descobri também que partilhávamos muitos interesses, o que mais tarde resultou em amor.
»Vivíamos juntos, nesta mesma casa, até que, à coisa de dias, algo terrível aconteceu.
»James sempre tivera pressentimentos estranhos, às vezes, quando alguém estava cá em casa, podia aconselhar essa pessoa a sair dois minutos mais tarde, por exemplo, e dessa forma ela poderia evitar ter um acidente de carro. Sabia quase sempre dizer-me o tempo, e podia também saber quando um pedido de casamento seria efectuado ou quando o nosso filho decidiria vir cá a casa. Enfim, eram variadíssimos, espontâneos, e quase infalíveis, mas mesmo assim, não eram visões.
»Há uma semana começou a queixar-se. Dizia que sonhava com coisas nojentas, vampyros cobertos de sangue e com Marcas encarnadas. Dizia que cheiravam a podre, que bebiam sangue, e que raptavam pessoas.
»Já se ouviam, por vezes, noticias de corpos encontrados ou pessoas desaparecidas, mas não quis acreditar nas suas visões, disse que deveria ser só um sonho e que os vampyros nunca seriam assim…
»Mas ele desapareceu à uns dias, para depois ser encontrado morto e lacerado numa esquina, altura na qual comecei a duvidar da veracidade das minhas conclusões… E hoje, num dos dias mais sagrados do ano, acontece isto… É pior do que poderia prever, e agora, uma das criaturas das quais duvidara, está em minha casa, sentada no meu sofá.
Depois daquele relato, a minha mente começou, aos poucos, a descongelar e começou a pensar. Sabia que era James: era o homem com quem sonhara, quando me sentia na pele de Stevie Rae –que também sabia quem ele era, o que a fez desatar a chorar baixinho.
-Lamento…-murmurei. –E, com todo o respeito, gostaria de lhe perguntar se, por acaso, não teria uma banheira disponível…
-Tenho –respondeu Theodora, iluminando-se de novo –Se quiseres, levo a tua amiga até lá, mas fica aqui Zoey, preciso que me contes a tua historia.
-E eu também –acrescentou Erik. O olhar descongelara, agora que se sentia confortável com aquela mulher, e brindava-me com um sorriso –Acho que te esqueceste de me contar uns pormenores!
(Próximo capítulo: quinta-feira, ás 16h)
1 comentário:
Eu sei que não era censura...Compreendo perfeitamente o que por vezes sentimos ao não ter qualquer feedback do que escrevemos... Ficamos sem saber se realmente vale a pena escrever ou não...
Tina, gostava imenso de te dar umas palavrinhas... Se puderes, me add este email para falarmos... Talvez tenha uma proposta para ti...
elxitah@gmail.com
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