Era Jason.
-Ficas-te à minha espera? –perguntei, quando cheguei perto dele. “Espero bem que não tenha visto nada… Ou ouvido…” pensei.
-Sim, queria falar contigo hoje de manhã, mas não deu…
-Digamos que estava um pouco… ocupada? –perguntei, e sorri-lhe –escusado será dizer que ele me retribui-o com o seu sorriso tímido que eu adorava. –Então, o que é que me querias dizer?
-Err… Eu queria mais dar-ta.
“Oh, mais um presente não!” pensei, mas não lhe disse nada, obviamente, não era assim tão insensível!
-Toma –disse, entregando-me um embrulho quadrado.
-Obrigada –agradeci, e abriu-o.
Era uma caixa, coberta por veludo cinzento, ou, dito de outra forma, um guarda-jóias. Não tinha decorações nenhumas por fora, mas quando a abri, fiquei surpreendida. Era um guarda-jóias comum, como qualquer outro, mas no sitio onde normalmente se encontrava o espelho, estava agora uma imagem, um desenho… Eu.
Não sabia bem como, mas o retrato era, na minha opinião, igual a mim. Sorria e olhava em frente, para mim (estranho?). Estava igual, tal e qual um espelho, no entanto, não imaginava quando ele podia tê-lo desenhado.
Olhei-o, confusa, e ele deve ter percebido a minha pergunta, pois respondeu.
-Fiz de cabeça –admitiu.
-A sério? Uau, parece impossível… Como é que me… decoraste… tão bem?
-A tua cara não é propriamente fácil de esquecer… TU, não és fácil de esquecer… Acho que é fácil desenhar uma imagem que tenho constantemente na cabeça… -ia-se aproximando de mim, aos poucos. Eu também me aproximava, embora não parasse de me dizer a mim própria que aquilo estava errado. Não podia estar ali, naquele momento, cinco minutos depois de beijar Loren, a beijar um outro rapaz, não depois de chamar galderia a Afrodite, –e com isto não quer dizer que ela não seja – não depois de…
Mas os seus lábios alcançaram os meus antes que eu pudesse pensar no resto, e nesse segundo não me pude preocupar mais, não queria preocupar-me… Nem sequer conseguia pensar…
Ele foi-me empurrando, suavemente, até à parede, encostou-me. Eu levei as minhas mãos ao seu cabelo, puxando-o mais para mim, se isso fosse mesmo possível…
Mas depois, forcei-me a parar, afastei-me, ofegante.
-Devia-mos voltar, eles devem estar à nossa espera.
-Pois –respondeu, relutantemente –devia-mos voltar –concordou.
Entrelaçou os dedos nos meus, puxando-me com ele. Encostei a cabeça ao seu ombro.
Não demora-mos muito a chegar ao dormitório das raparigas, onde toda a gente já me esperava.
-Zoey! –gritou Alisha, correndo na minha direcção – Há mais presentes lá em cima!! São dois! Quer dizer, eu não os vi completamente, mas pareciam-me dois, se bem que um deles é só um envelope, o que o pode transformar em algo que não seja um presente, a menos que dentro do envelope haja qualquer coisa que seja um presente, ai o envelope é um presente e a contar com isso eu disse que era DOIS presentes, mas não sei o que os consideras por isso eu…
-Ok Alisha, já percebi o objectivo –sorri-lhe.
Mais presentes para mim? Será que aquilo não acabava? Os meus presentes tinham sido perfeitos até ao momento, mas issoporque quando Alisha me perguntara sobre que tipo de presente eu queria eu lhe respondera “Qualquer coisa, desde que não tenha nada haver com o Natal!”, e conhecendo Alisha como eu conhecia – ou seja, à quatro dias – sabia que ela tinha contado aos outros… De resto, ninguém sabia disso, excepto a minha avó, Stevie Rae e, talvez, Heath ou Kayla…
-Rápido! Estão os dois, ou talvez o um, lá em cima, à porta do quarto!
Suspirei.
-Está bem, vou lá acima ver, fiquem aqui à espera, podemos ir dar um passeio.
-OK, nós ficamos aqui –para variar, Al era a porta-voz do grupo –não que ela soubesse a opinião deles, mas isso interessava?
**
Ajoelhei-me no chão, junto aos dois presentes, -ou talvez só um, como dizia Alisha.
Peguei no primeiro que vi, o envelope.
“De: Erik
Para: Zoey
Parabéns!”
Era o que dizia na frente do envelope. Pu-lo de parte, não queria ler aquilo ali.
Peguei no seguinte.
Uma caixinha pequena.
“Heath”
Era só o que dizia.
Peguei em ambos e levei-os até ao quarto, não ia abrir nenhum deles no corredor.
Deitei-os na cama, peguei no envelope de Erik e acendi o candeeiro, o qual deitou uma luz fosca, à qual pude ler:
“Zoey,
Parabéns!
Pronto, não é a melhor forma de começar esta carta, mas eu tinha de te dizer… Está tudo uma loucura, as gémeas estão a dar em doidas com esta cena toda, o Damien está super “constrangido com a situação invulgar” como ele próprio diz e o Jack anda mais abatido do que é normal… Zoey, a Erin anda ruidinha de ciúmes, por causa daquela rapariga, a Alisha, o Damien acha que o trocas-te pelo Nolls e o Jack passa-se com tudo, até a Shaunee acabou com o Cole (sim, eles começaram) por causa de umas quantas bocas sobre isso, sabes, nem eu lhe falo muito agora, e os olhares que tu deitas aquele tipo… Bem, antes tinhas o Erik campeão de teatro, e agora tens o Jason campeão de esgrima… Admito, não é a mesma coisa do que falar contigo, mas está tudo a ficar impossível, não compreendo o que estás a fazer, primeiro falas com a Afrodite, depois tentas matar-te e agora recuperas completamente e arranjas amigos novos? Sabes que estou preocupado, que não aguento mais isto, que queria saber se estás bem, queria ouvir a tua versão da historia, porque nunca me pareceste doida, não aguento mais olhar para ti sem puder chegar-me perto… Talvez tenhas desistido depois do que te fizemos, e compreendo que sim, só queria saber se estás bem, e também queria que soubesses que ainda te amo, e vou continuar a amar…
Parabéns outra vez,
Beijos,
Erik.”
Uma lágrima escorria silenciosamente pela minha cara. Não os esquecera, como se atrevia a pensar isso? De maneira nenhuma… Mas saber tudo aquilo sobre eles… Levava-me a pensar que talvez houvesse outra coisa, que talvez também estivessem a sofrer, o que, desconfortavelmente, me dava algum prazer…
(Próximo capítulo: quinta-feira)
2 comentários:
está perfeito, parabéns Tina parece k o teu bloqueeio nao te impediu de escrevers maravilhosamente XD
Ah, obrigada! Na quinta logo vez o resultado do meu "bloqueio"
LOL...
Bjs,
Tina!
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