Forgiven: 2ºCapítulo

Arrependimento


Fiz de propósito para lhes ver as caras. Fui à cozinha deitar a lata de cola fora, e quando voltei para junto da televisão, TODOS eles me olhavam com ar de cachorrinhos abandonados; perceberam que eu só lhes mentira para lhes salvar as vidas, e consegui perdê-los. Estavam com remorsos, via-o nos seus olhos. Erik entrou na sala. Os nossos olhares cruzaram-se e demoraram a seguir cada um o seu rumo. Depois juntou-se a eles. (Mas ele não ia para fora? Ou coisa assim?) ouvi as Gémeas sussurrarem-lhe:
- E foi para nos salvar as vidas… - disse Erin.
- …Que ela não nos contou nada… - Terminou Shaunee.
Vi Erik levantar-se e avançar na minha direcção pelo canto do olho, nesse momento disse a Afrodite que me ia deitar. Demorei-me a levantar, queria falar com ele, estar com ele, e quando a sua mão quase me tocou no ombro, virei costas a todos (incluindo Erik) que me olhavam com um ar de… de… compreensão? Erik estava como que para avançar e se dirigir a mim, para me falar (palavras que queria mesmo ouvir, ali, agora), e quando eu lhe virei costas, ele ficou no mesmo sítio, esperançoso, à minha espera.
Sim, pois… eu fiquei escondida a ver o que se passou a seguir. Erik estava com ar triste, como se o mundo dele tivesse acabado de desabar completamente quando lhe virei as costas. Erin e Shaunee, que eram as únicas raparigas vieram em direcção a mim, não me levantei, fiquei ali, meio (ou nada) escondida, a esforçar-me e a engolir lágrimas (estava a ficar boa nisso…) e quando elas me disseram “Desculpa…” entre dentes, mas com um olhar sincero, virei-lhes mais uma vez as costas, e fui para o meu quarto. Não interessa se estava a ser uma cabra, eu tentei-lhes poupar uma morte nojenta, elas ignoraram-me e agora vêm-me com desculpas? Por amor a Nyx!
Ouvi bater, e tal como no ritual pedi à bruma e à noite que me tornassem invisível. Elas entraram, e não me viram em lado nenhum, nem mesmo na casa de banho, depois, quando elas iam para sair, agradeci e a bruma e a noite foram-se embora, deixando-me visível outra vez. Agora tinha os fones para fingir não as ouvir, e as lágrimas corriam-me dos olhos, como um lago em tempo de cheias. Vi-as olharem para mim com um ar assustado, e até mandaram um “ Ai, caraças Zoey, assustaste-nos!” , ao qual não respondi, supostamente estava a ouvir música, a ter uma atitude de cabra, mas, que interessava? Já não tinha ninguém no meu mundo que me dissesse que tudo ia passar.
Ninguém a não ser Stevie Rae. De repente os meus olhos encheram-se outra vez de lágrimas, e não resisti – ignorei o facto das Gémeas estarem a olhar para mim ou até mesmo a falar algo que me pareciam sussurros, peguei no telemóvel e liguei a Stevie Rae.
- Estou? – Conseguiu-me arrancar um sorriso quando disse aquilo com o seu sotaque do Oklahoma, que saudades sentia da sua rabugice matinal… - Estou? Zoey és tu?
- Hã? Sim desculpa, estava distraída. Como estás?
- Um pouco melhor , mas dói-me imenso a testa, e as tatuagens são lindas! Mas… e a Afrodite?
- Ah, ela está bem… - funguei, e assoei-me.
- Zoey estás bem? Não estás doente pois não? Por favor tu não podes morrer!
- Não morro, só estive a chorar… - Isto soou-me mais calmo do que parecia – E senti saudades tuas, de falar com a minha melhor amiga, e liguei-te. Não há problema pois não?
- Bem, já me acordaste não já? Mas porque é que estiveste a chorar? Passa-se alguma coisa grave?
- Muitas – comecei a chorar outra vez e olhei para as Gémeas, ainda estavam ali, de pé, a olhar-me e também lhes corriam as lágrimas nos olhos – Vá sentem-se lá ou criam raízes. Bem, como te estava a dizer – dirigi-me outra vez para Stevie Rae – Passam-se muitas coisas graves. Os outros – dirigi um olhar às Gémeas que agora estavam sentadas e caladas – Eu não lhes contei nada, nem de ti nem do… bem… do Loren - e novamente, as lágrimas saíram-me – E sabes porquê, se lhes contasse de ti muito provavelmente ia perder o meu círculo de que precisava para te curar, e não os queria perder! Eles são tão importantes, e agora ignoram-me! Não percebem que se eu lhes tivesse dito quem fizera aquilo a ti e ao bando de coisas nojentas e podres eles muito provavelmente não estariam como estão! Estariam iguais aquelas…
- Criaturas nojentas? – ajudou-me.
- Sim, isso, criaturas nojentas. E não lhes podia contar de Loren, era o mesmo que chegar ao pé da Neferet e dizer-lhe “Olhe, ando enrolada com um professor, sentimo-nos atraídos, temos um clima e já nos beijámos!”
- Elas estão aí não estão?
- Quem?
- Oh vá lá, Zoey, eu conheço-te! Não mandavas sentar um Zé Ninguém pois não?… Elas estão aí, certo?
- Estão. – o rosto delas sorriu, quando perceberam que eu lhes queria falar mas estava magoada demais, para lhes dirigir um som – Mas percebes? Sinto-me sozinha, e agora até me dou com a Afrodite! Vê lá ao ponto em que me ignoraram! Sem me ouvirem! Elas sabem que adoram tricas e que não iam ficar caladas se lhes contasse de ti ou de Loren! – Olhei-as e ambas tinham um ar culpado, o que só me dava razão.
- Percebo. E se elas soubessem de mim, o mais provável era eu já lhes ter chupado cada gota de sangue que elas têm quando eu também era uma criatura nojenta… - dirigi-me às Gémeas:
- Ela está a dizer que se eu vos tivesse contado, muito provavelmente não já não tinham uma única gota de sangue. – Elas fizeram um olhar assustado. Depois disseram: Desculpa! Nós devíamos ter-te ouvido, mas pensávamos que confiavas em nós!
- Mas nunca vos iria contar alguma coisa que vos pusesse em perigo ou que desse a saber a toda a Casa da Noite que me estava a tornar numa galdéria, quando estava a tentar parar, porra!
- Tens razão. Só alguém que sabe o valor verdadeiro da amizade poderia fazer isso para nos proteger. – Wow, as Gémeas a dizerem coisas destas?
- O Damien disse-vos isso, não foi?
- Yup. – Disse Erin.
- Mas não vai ser fácil nem para mim nem para vocês, de certo, voltarmos a aproximarmo-nos.
-Pois não. – Disse Shaunee.
- Olá??? Eu estou aqui???? – Reclamou Stevie Rae.
- Desculpa! – Desta vez dissemos todas ao mesmo tempo, o que gerou uma gargalhada.
- Sabes o que é estranho? A Afrodite ainda estar aqui. – Dirigi-me a Stevie Rae, na esperança que ela me dissesse algo que me animasse.
- Isso agora é o teu mais pequeno problema. Lembras-te?
- Pois… Tens razão… - não liguei ao facto de não estar sozinha e desabei a muralha que me impedia de chorar.
Sentia-me mal por tudo o que fizera aos meus amigos, e especialmente a Erik. Estava a ser estúpida demais. Disse à Stevie Rae que tinha de desligar. Depois levantei-me, atirei o telemóvel para cima da cama e saí do quarto a correr, mais parecia que ia a fugir da morte… Cheguei ao fundo das escadas e deparei-me com o Erik sentado no último degrau. Foi um choque ver os seus olhos azuis num tom avermelhado: ele tinha estado a chorar. Por mim. Por tudo. Sentei-me ao lado dele e abracei-o. Como me soube bem sentir o calor do seu corpo junto ao meu. Especialmente naquele dia, naquele momento…
- Desculpa Erik, fui uma parva contigo e com os outros… - disse a chorar e agarrada a ele.
- Pois foste… - Erik fungou mas abraçou-me também. Depois afastou-me o meu rosto do peito dele e olhou-me a cara. Passou os dedos pelas tatuagens e sorriu.
- Não te queria perder, Erik… Fui uma cabra contigo! Desculpa! Por favor! Não aguento ver-te assim! – agora sussurrava – Não aguento estar tão longe…
- Não consigo ver-te longe… - agarrou-me na mão e beijou-a. Ele era tão romântico que parecia impossível…
Sei que foi o momento ideal para o beijar, até porque ele se aproximou de mim, mas não o fiz… Ele sofrera tanto por mim que me sentia nojenta ao pé dele, um cabra galdéria… Como é que pude traí-lo? Mas depois apercebi-me que era agora ou nunca e puxei-o para mim. Beijei-o e senti-me leve que nem uma pena… Sabia tão bem estarmos ao pé de quem gostamos… Acabou o beijo e não nos separámos. Antes pelo contrário, estávamos bem agarradinhos. Eu estava com a cabeça encostada ao ombro dele e Erik passava-me a mão pelos cabelos, e sorria tanto que podia ir daqui à China nos seus lábios.
- Estava a ver que nunca mais me ia sentir assim outra vez… - disse com a voz a fugir para a gargalhada
- Eu também… - sorri para ele – Erik desculpa o que te fiz… Desculpa se não voltarmos ao que éramos mas eu não queria… eu não devia ter-me deixado levar! Magoei-te tanto e agora estou aqui: abraçada a ti como se nada se tivesse passado… Sinto-me tão, mas tão estúpida!
- Não és. E se fosses nem que a vaca tossisse que eu ia estar assim aqui contigo!
- Oh Erik… Não tem piada! Foi muito sério o que te fiz… Foi um erro enorme e que não me vou conseguir perdoar…
- Claro que vais, Z. Eu já o fiz… Mais ou menos…
- A sério? – parecia que tinha aterrado em Marte
- Sim Zoey. Agora só quero esquecer e seguir em frente! – deu-me uns quantos beijinhos pelo pescoço.
Naquele momento apareceram as Gémeas atrás de nós.
- Bem, Z, tu vais contar-nos tudo ou não? – Shaunee passou por mim e encarou-me com ar sério. Procurei dentro de mim a conhecida voz que me impedisse de contar de Loren. Não havia sinais dela. Procurei também ao pensar se devia contar de Neferet. Também não me deu nenhum soco no estômago, por isso decidi contar-lhes tudo.

4 comentários:

Daniela RC disse...

OMG.....adorei adorei....um Erik muito mole, mas adorei muito!
Está espectacular....quero mais e mais!!!!!

Tina disse...

Hum... O Erik cedeu muito rápido, não acho que ele o faria assim... E aquela atitude da Zoey, a falar á frente delas como se não estivessem lá... Foi um bocado cabra demais para a Zoey, mas gostei!
Continua :D
Bjs,
Tina!

Anónimo disse...

Obrigada pelos comentários!
Estou entusiasmada para continuar a escrever esta fic
Vou tentar melhorar sempre, mas acho que a Zoey não vai voltar a ser assim tão mazinha...


(nunca tive grande jeito em escrever comentários ou agradecê-los -acho que é um bocado timidez- xD)

Beijinhos e obrigada, Bia

Tina disse...

lol, já somos duas =)

Bjs,
Tina!