Mais um fantástico texto, este escrito pela Tatiana! Muitos parabéns!
"Acordar com a minha companheira de quarto aos berros, a dizer que nos íamos atrasar se eu não me despachasse em cinco minutos, era algo tenebroso de se apreciar. Contrariada, vesti-me completamente à pressa para participar de mais uma nova ronda de aulas. Isto já se tornava num hábito comum do qual aos poucos ia-me habituando. Não é que fosse má esta rotina nocturna. Mas desde que tinha sido Marcada, que o meu quotidiano tinha virado totalmente do avesso. Com as pálpebras a implorarem para se fechar, caminhei até à cozinha, com Sofia a tagarelar sobre um vampyro sextanista giro chamado Rui Ávila. Sinceramente, não o achava muito bonito (talvez por ele me parecer uma mistura simpática do monte de músculos de Rupert Grint e da barba mal aparada de Orlando Bloom). Acenei-lhe com a cabeça a tudo o que ela dizia, mesmo sem lhe prestar atenção alguma. No entanto, ao virar da esquina do antigo convento, vi alguém que me espantou literalmente o sono.Uma rapariga bonita, que trajava um aveludado vestido negro, permanecia parada no meio do corredor, analisando um papel. Ela ergueu o olhar ao ouvir os nossos passos e sorriu abertamente. A testa dela delineava uma marca colorida, sobressaída pela tatuagem cor de safira com o feitio de uma renda que lhe emoldurava os olhos e o resto do rosto até aos ombros. Detive a minha marcha de rompante e estanquei em choque ali mesmo, enquanto Sofia esbugalhava os olhos, igualmente impressionada.
Era ela: Zoey Redbird. Já tinha ouvido falar dela. Dos seus feitos na Casa da Noite em Tulsa e de ser a única iniciada com uma marca quase completa. Além disso, ela era líder do grupo: “Filhas das Trevas” e possuidora de afinidade com todos os elementos (Terra, Água, Fogo, Vento e Espírito), um mérito que nenhuma Sumo-Sacerdotisa formada tinha conseguido até hoje. Todos na nossa escola comentavam sobre isso, até os nossos professores deixavam sempre escapar um comentário sobre a aluna dotada de Tulsa. Como me senti insignificante neste momento, ao estar diante de alguém com a reputação digna de uma heroína de histórias de aventuras. Alguém que eu própria me inspirei para levar a minha nova vida naquele mundo, onde tudo é assustador e entusiasmante ao mesmo tempo.
-Uaaau, o que a Redbird faz aqui? – questionou-me Sofia em tom de segredo, quase sem mexer os lábios. Eu apenas encolhi os ombros ao ver a Zoey aproximar-se numa passada aligeirada.
-Finalmente encontrei alguém. – O seu carregado sotaque inglês misturou-se com o português que ela tentava pronunciar com clareza: - O meu nome é Zoey Redbird. – Como se nós não soubéssemos. Será que ela não tinha noção da estima que o nosso mundo vampírico tinha por ela? – Acho que estou perdida. A Sumo-Sacerdotisa Leonor bem me entregou o mapa da escola, mas eu não estou a conseguir localizar a cozinha.
-Nós íamos agora mesmo para lá. Podemos indicar-te o caminho. – antecipou-se Sofia, gesticulando as mãos no ar. – A propósito, o meu nome é Sofia Queiroz e esta é a Tatiana Ferreira. Somos ambas sextanista.
-Então frequentamos o mesmo ano. – Ela entortou a fina linha dos lábios.
-Redbird, as histórias que contam sobre ti são verdadeiras? – A minha língua estalava de curiosidade.
-Posso dizer que algumas são um tanto exageradas. – riu-se harmoniosamente e fitou-nos. - Mas venham, eu conto-vos pelo caminho o que quiserem saber. Teremos muito tempo para conversar, já que fui transferida para aqui.
Engoli em seco, ainda em choque. Ia ter Zoey Redbird como uma possível companheira de aulas! Isso era algo inimaginável. Enquanto retomamos a marcha, ela contou-nos como era a Casa da Noite em Tulsa e dos amigos que teve de abandonar furtivamente para se proteger contra Nerefet, à medida que arquitectava um plano para a derrotar. Não sei porquê, mas um cheirinho de aventura embargava o ar daquela escura tarde. O que poderia eu fazer perante tal situação? Bom, só me restaria içar velas e navegar por esses mares turbulentos com a minha heroína. Ideia suicida e precipitada, eu sei. Mas durante três anos Zoey tornara-se numa lenda para mim. Alguém impossível de conhecer. E agora ela estava aqui, na Casa Nocturna de Portugal com o propósito de se afastar de alguém maléfico. E eu estava disposta a ajudá-la. Contudo, primeiro teria de criar laços de amizade com ela e acomodá-la naquela escola, como se fosse o seu próprio lar. Depois eu faria os possíveis para lhe demonstrar que seria capaz de entrar num mundo mais escuro do qual eu vivia. No seu mundo, onde tudo parecia estar um caos autêntico. Sim, pela minha lenda viva eu faria qualquer coisa. Mesmo que para isso tivesse de abandonar esta vida monótona e partir para Tulsa com ela."
"Acordar com a minha companheira de quarto aos berros, a dizer que nos íamos atrasar se eu não me despachasse em cinco minutos, era algo tenebroso de se apreciar. Contrariada, vesti-me completamente à pressa para participar de mais uma nova ronda de aulas. Isto já se tornava num hábito comum do qual aos poucos ia-me habituando. Não é que fosse má esta rotina nocturna. Mas desde que tinha sido Marcada, que o meu quotidiano tinha virado totalmente do avesso. Com as pálpebras a implorarem para se fechar, caminhei até à cozinha, com Sofia a tagarelar sobre um vampyro sextanista giro chamado Rui Ávila. Sinceramente, não o achava muito bonito (talvez por ele me parecer uma mistura simpática do monte de músculos de Rupert Grint e da barba mal aparada de Orlando Bloom). Acenei-lhe com a cabeça a tudo o que ela dizia, mesmo sem lhe prestar atenção alguma. No entanto, ao virar da esquina do antigo convento, vi alguém que me espantou literalmente o sono.Uma rapariga bonita, que trajava um aveludado vestido negro, permanecia parada no meio do corredor, analisando um papel. Ela ergueu o olhar ao ouvir os nossos passos e sorriu abertamente. A testa dela delineava uma marca colorida, sobressaída pela tatuagem cor de safira com o feitio de uma renda que lhe emoldurava os olhos e o resto do rosto até aos ombros. Detive a minha marcha de rompante e estanquei em choque ali mesmo, enquanto Sofia esbugalhava os olhos, igualmente impressionada.
Era ela: Zoey Redbird. Já tinha ouvido falar dela. Dos seus feitos na Casa da Noite em Tulsa e de ser a única iniciada com uma marca quase completa. Além disso, ela era líder do grupo: “Filhas das Trevas” e possuidora de afinidade com todos os elementos (Terra, Água, Fogo, Vento e Espírito), um mérito que nenhuma Sumo-Sacerdotisa formada tinha conseguido até hoje. Todos na nossa escola comentavam sobre isso, até os nossos professores deixavam sempre escapar um comentário sobre a aluna dotada de Tulsa. Como me senti insignificante neste momento, ao estar diante de alguém com a reputação digna de uma heroína de histórias de aventuras. Alguém que eu própria me inspirei para levar a minha nova vida naquele mundo, onde tudo é assustador e entusiasmante ao mesmo tempo.
-Uaaau, o que a Redbird faz aqui? – questionou-me Sofia em tom de segredo, quase sem mexer os lábios. Eu apenas encolhi os ombros ao ver a Zoey aproximar-se numa passada aligeirada.
-Finalmente encontrei alguém. – O seu carregado sotaque inglês misturou-se com o português que ela tentava pronunciar com clareza: - O meu nome é Zoey Redbird. – Como se nós não soubéssemos. Será que ela não tinha noção da estima que o nosso mundo vampírico tinha por ela? – Acho que estou perdida. A Sumo-Sacerdotisa Leonor bem me entregou o mapa da escola, mas eu não estou a conseguir localizar a cozinha.
-Nós íamos agora mesmo para lá. Podemos indicar-te o caminho. – antecipou-se Sofia, gesticulando as mãos no ar. – A propósito, o meu nome é Sofia Queiroz e esta é a Tatiana Ferreira. Somos ambas sextanista.
-Então frequentamos o mesmo ano. – Ela entortou a fina linha dos lábios.
-Redbird, as histórias que contam sobre ti são verdadeiras? – A minha língua estalava de curiosidade.
-Posso dizer que algumas são um tanto exageradas. – riu-se harmoniosamente e fitou-nos. - Mas venham, eu conto-vos pelo caminho o que quiserem saber. Teremos muito tempo para conversar, já que fui transferida para aqui.
Engoli em seco, ainda em choque. Ia ter Zoey Redbird como uma possível companheira de aulas! Isso era algo inimaginável. Enquanto retomamos a marcha, ela contou-nos como era a Casa da Noite em Tulsa e dos amigos que teve de abandonar furtivamente para se proteger contra Nerefet, à medida que arquitectava um plano para a derrotar. Não sei porquê, mas um cheirinho de aventura embargava o ar daquela escura tarde. O que poderia eu fazer perante tal situação? Bom, só me restaria içar velas e navegar por esses mares turbulentos com a minha heroína. Ideia suicida e precipitada, eu sei. Mas durante três anos Zoey tornara-se numa lenda para mim. Alguém impossível de conhecer. E agora ela estava aqui, na Casa Nocturna de Portugal com o propósito de se afastar de alguém maléfico. E eu estava disposta a ajudá-la. Contudo, primeiro teria de criar laços de amizade com ela e acomodá-la naquela escola, como se fosse o seu próprio lar. Depois eu faria os possíveis para lhe demonstrar que seria capaz de entrar num mundo mais escuro do qual eu vivia. No seu mundo, onde tudo parecia estar um caos autêntico. Sim, pela minha lenda viva eu faria qualquer coisa. Mesmo que para isso tivesse de abandonar esta vida monótona e partir para Tulsa com ela."
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