Fanfic: Confused - Capitulo 16

Capítulo 16

O resto da semana passou-se assim. Estava zangada com as gémeas e não nos falávamos, mesmo não sabendo por que motivo agiram de forma tão… Estúpida. Ao almoço ia para uma mesa sozinha e às vezes o Damien e o Jack vinham para a minha beira fazer-me companhia e perguntavam-me o que se passava, mas continuei a negar contar-lhes. Teriam de ser as gémeas a dizer-lho. A Zoey e eu também não falávamos muito. Estava muito desligada da socialização e percebia que ela preferia falar com alguém mais, digamos, “falável”. O meu único momento alto do dia eram aqueles 10 minutos em que ia jogar ao jogo de Tiger. Além do jogo parecer (e ser) uma estupidez completa, era uma forma de me sentir bem e encher um bocadinho o meu espírito vazio. Também descobrimos que tínhamos várias coisas em comum, como o facto de não perdoar-mos uma traição muito facilmente. Falando em traição…
Eu e o Erik nunca mais nos falámos. Sei que é algo estranho, uma vez que ele é meu orientador. Mas eu sabia que havia algo errado nele. Sentia que às vezes, os seus comportamentos eram tão variados e estranhos, principalmente quando do meio do nada a sua aura desaparecia e os seus olhos ficavam sem expressão, como se não houvesse nada dentro dele. Como se ele fosse uma máquina e às vezes algo se apodera-se dele. Era deveras assustador pensar na situação desta forma. Pensar que havia algo que entrava dentro dele e que se apoderava da sua alma e o transformava em algo… em nada. Quando isto acontecia o Erik parecia que não tomava as acções por conta própria, como se fosse manipulado.
Nem tentem pensar em como eu sei isto. Bem eu até posso dizer. Comecei a observar os seus comportamentos desde que tive uma visita de Nyx. A primeira visita que a Deusa me fez. Visita essa antes de Afrodite se gabar da sua fantástica festa para comemorar o aniversário da Casa da Noite.
***

Era sexta-feira (ontem) e as aulas já tinham acabado. Finalmente.
- Uhhh Fim-de-semana! – Exclamei no quarto.
Zoey riu-se e Afrodite não conseguiu deixar escapar um sorriso. A miúda das visões até parecia ser mesmo boa pessoa.
-Os fim-de-semana para nós costumam ser até mais cansativos do que os dias de aulas. – Afirmou Afrodite.
-Porquê? – perguntei. Aquela pergunta deixara-me deveras assustada. Quer dizer, eu estava cansadíssima e não queria imaginar que tivéssemos de trabalhar ao fim-de-semana.
-Costumamos organizar o ritual das filhas e filhos das trevas. É cansativo ter de decorar a sala de convívio toda e depois desdecorar, para não falar que é ao fim de semana que temos mais facilidade em falar com a Stevie Ray e com os miúdos mortos-vivos. – Explicou Zoey
Fiz um esgar só de pensar em mortos vivos.
-Mas desta vez será diferente! – Anunciou Afrodite contentíssima.
Ambas olhamos para ela com um ponto de interrogação estampado na testa.
-Ollllá! Não se lembram? O baile?
-Quê?
-Ah?
Afrodite suspirou e ajeitou o seu cabelo loiro para traz.
-O baile da Lua cheia!
-Ainda não percebi porque vão fazer um baile. Não costumavam fazer antes um ritual da Lua cheia? – Perguntei.
Zoey ergueu as sobrancelhas.
-Invenção da Afrodite, não comento! – Disse colocando as mãos no ar em sinal de rendição.
Não consegui não me rir.
- Hei, ainda estou aqui óhh Zoey! – Virou-se para mim – Sim, vamos fazer um ritual mas eu achei que, uma vez que faz amanhã 474 anos que esta casa da noite foi criada, acho que deveríamos festejar. Quer dizer nunca se faz nada, mas eu vou dar uma tradição à casa da noite.
Zoey revirou os olhos e Afrodite resfolegou.
-É uma ideia tão espantosa que até a bruxa da Neferet alinhou. E tu não tens nada de começar a dizer mal sem saberes do que se trata. – Ela endireitou-se e prosseguiu – Primeiro será o famosíssimo e monótono ritual da lua che…
-Tu não gostas desse ritual?! – Interrompeu-a Zoey
-Raios Zoey deixa-me acabar de falar. Gosto do ritual, não gosto é de quem o faz! Sabendo a bruxa que ela é, não sinto aquilo que normalmente toda gente sente quando assiste ao ritual. Aquela pás de espírito e essas coisas.
-A Neferet? – perguntei quase sussurrando
-Não, a minha avó! Sim a Neferet. Foda-se na escola dos estúpidos dos humanos deviam saber um, bocadinho sobre a casa da noite. Realmente estou farta dos estúpidos dos caloiros. – Lembram-se de eu dizer que a Afrodite era boa pessoa e tal? Risquem isso, ela continua uma cabra.
Tanto eu como Zoey a olhávamos com os olhos arregalados.
-Eu não sou como tu, digo asneiras quando quero, quer dizer, foda-se se não disse-se.
Bem, admito, aquilo até teve a sua piada.
-Afrodite explica lá aquilo da festa.
Ela inspirou bem fundo e reiniciou.
-Depois do ritual da treta haverá uma espécie de baile em que serão eleitos 9 iniciados, 4 raparigas e três rapazes, que farão um anúncio promocional para a casa da noite ser melhor vista na sociedade humana. Para acabar com o racismo e diminuir os apoiantes do povo da fé.
Houve um grande minuto de silêncio. A ideia até era boa, mas havia algo que não encaixava bem…
-A Neferet aprovou isso?
Afrodite assentiu.
-Isso é mau, muito mau. Ela esta a planear alguma coisa, não sei é o que é, mas para ir contra as suas ideias de criar uma guerra com os humanos. – Disse Zoey.
De repente Afrodite recebeu uma mensagem. Tirou o telemóvel do bolso e leu-a.
-Oh o Dário está à minha espera. Não o posso deixar longe de mim durante muito tempo senão começam logo atirar-se a ele. Têm que aprender que aquele gatinho jeitoso já tem dono. – Ela ergueu as sobrancelhas e saiu o quarto.
-Bem eu também preciso de ir falaras gémeas a propósito de amanhã… - Disse mordendo o lábio.
-Sim, claro.
Zoey levantou-se mas parou na porta.
-Houve já sabes porque estas zangada com elas? É que não faz muito sentido estares zangada com alguém sem saberes o porquê.
-Obrigada, tens razão. Eu falo amanhã com elas.
-Humm – Zoey assentiu – Então tchau.
-Tchau
O silêncio instalou-se assim que fiquei sozinha no quarto. Nada de estranhar pois quando estamos sozinhos não costumamos ouvir mais nenhum ruído a não ser o ruído de nós próprios certos? Naquele momento não fazia sentido. Nada para mim fazia sentido. Afinal estava zangada com as gémeas porquê? A Zoeu tinha razão, todos tinham razão.
Levantei-me da cama e suspirei.
Encaminhei-me para a frente do espelho e contemplei o meu reflexo. Continuava a ser a mesma excepto o facto de uma meia-lua azul safira se ter alojado no meio da minha testa.
Subitamente as janelas do quarto abriram-se e uma rajada de vento entrou por ali a dentro. Senti os pelos da nuca e eriçarem-se e virei-me pronta a atacar quem quer que fosse, mas a rajada de vento fria rapidamente se transformou numa brisa quente e agradável, com um aroma doce que não consegui decifrar.
E ai ela pareceu.
Nyx apareceu, estava a minha frente. Pelo menos era o que me parecia. Nunca tinha visto uma mulher tão bonita e com um rosto tão perfeito.
Dela emana uma força atractiva muito poderosa e uma luz forte formou-se à volta dela. Ajoelhei-me desesperada diante dela. Nyx era uma deusa. Eu não sabia o que fazer, por isso, foi a primeira coisa que me veio à cabeça. Senti os olhos a arderem e as lágrimas a tentar escorrer-me pelas faces. Ela estava ali, diante de mim. Era uma sensação muito forte e algo estranha. Fazia-nos sentir coisas indescritível e que nunca tinha sentido em mim.
Com o punho no coração fiz-lhe uma vénia de joelhos.
-Nyx … - Tentei dizer.
Ela sorriu-me
-Filha acalma-te. Levanta-te. Sou apenas eu. A Deusa que te marcou.
A sua voz era calma e serena e nesse momento soube que era uma estupidez estar tão nervosa. Quem estava diante de mim não era uma pessoa qualquer. Era Nyx. Uma Deusa que me ama e respeita, dando-me livre arbitro. Que poderia eu recear dela?
- Venho-te dar um aviso muito importante e não tenho muito tempo – Informou
Acenei que nem uma tolinha
-Diga e eu o farei.
Voltou a sorrir-me docemente.
- Preciso que tenhas bastante atenção ao teu orientador, Erik. Algo de mal se passa com ele e, se não o ajudares, a escuridão poderá envolve-lo e ser tarde demais. Pede ajuda à Zoey. Ela poderá colaborar contigo, Mia.
-Mas não estou a perceber, que escuridão está a envolver o Erik?
-Se procurares bem dentro de ti minha querida filha, encontrarás as resposta. Mais do que isto não te poderei dizer.
Olhei para baixo. As lágrimas tinham-me voltado a escorrer pela face. Nyx aproximou-se de mim e colocou-me uma mão na cara.
Quando a encarei o seu rosto belo e amável tinha perdido a cor e parecia que a qualquer momento ela poderia desaparecer.
-Lembra-te de que nem tudo o que parece, é.
-Lembrar-me-ei – Disse assentido desesperada.
Da mesma forma como surgiu, Nyx desapareceu, deixando como seu rasto uma brisa com o tal aroma agradável que rapidamente se dissolveu.

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