Capitulo 7
Passei a noite (dia) toda a falar com a Margarida, sempre a tentar não acordar Joka. Margarida falou-me de como era quando ainda era viva. Tinha a minha idade e morrera há mais ou menos 1 mês. Quando lhe perguntei como ela tinha ido parar aquela cela, ela dissera que não se conseguia lembrar, mas que estava completamente encantada por Kalona e o seu Alp.
-Então, só as raparigas conseguem ser encantadas por esse tal Kalona? Quer dizer, há rapazes que morreram como tu? – questionei Margarida certa vez no meio da conversa.
-Quer dizer, se esse Kalona se baseava na Beleza para vos encantar como fazia ele isso com os rapazes?
-Boa pergunta, os rapazes não estiveram com Kalona nem com o Alp. Quando eu e as outras lhes falamos de Kalona eles ficaram interrogativos. Eles garantiram terem sido encantados por uma deusa. Chamavam-lhe Nefert.
-Então isso significa que esse Kalona não está sozinho. Mas uma coisa que eu ainda não percebi é porque é que ele vos rouba metade da alma. – cocei o topo da cabeça e tentei pensar direito. Isto está a fica muito esquisito.
-Oh Mariana tens que nos ajuda. Por favor. – Margarida implorava.
-Eu prometo que te vou ajudar, mas muito sinceramente não estou a ver como… - calei-me e deitei-me escondendo a cara por baixo dos cobertores quando senti Joka a levantar-se. Não queria mesmo que ela me ouvisse a falar com Margarida (que ela não conseguia ver) pensaria que eu teria endoidecido de vez. Ela foi até à casa de banho, ouvi-a a ligar a torneira, e voltar a desligar. Quando voltou para o quarto dirigiu-se para perto da minha cama e começou a bater o pé impacientemente.
-Escusas de fingir que estás a dormir, eu sei muito bem que não estás. Eu ouvi-te a falar sozinha. – oh bolas, eu sabia que Joka não era parva nenhuma. Mas o que haveria eu de dizer? “Olha Joka consigo falar com iniciados mortos, e agora até tenho uma amiga Margarida que perdeu metade da alma para uma tal Kalona.” Não podia contar-lhe, apesar de só a conhecer há dois dias não a queria perder. Ela era minha amiga.
-Mariana, sabes que me podes contar… eu prometo que não vou gozar nem nada disso… podes contar-me. – ela sentou-se na borda da minha cama e esperou que eu lhe respondesse. Foi aí que eu decidi que lhe iria contar tudo. Ela iria compreender certo? Quer dizer num mundo de vampyros nada é impossível, ela teria de acreditar em mim. Levantei-me e comecei a contar-lhe tudo desde inicio. Falei-lhe de Margarida, de Kalona e dos outros iniciados. Joka ouviu-me sem nunca me interromper. Quando acabei, esperei pela reacção dela.
-Hmmmmmm… isso quer dizer que tu vez os iniciados mortos?
-Sim.
-Achas que isso pode ter alguma coisa a ver com o facto de teres a tua marca diferente? – fiquei admirada com aquela pergunta, estava a espera que ela me perguntasse se eu teria endoidecido de vez, mas em vez disso fez me uma pergunta tão simples, mas para a qual eu não tinha resposta.
-Bem, não sei bem mas a Margarida acha que sim.
-Essa Margarida… eu acho que a conheci… como é que ela é?
-Ela é loura, tem um cabelo invulgarmente volumoso, olhos castanhos e disse que foi companheira de quarto de uma Patrícia. – olhei para Margarida para confirmar se a tinha descrito bem, ela sorriu-me em aprovação.
-É ISSO! Eu sabia que esse nome não me era estranho. A Patrícia tem aula de interpretação comigo e falou-me nela. Ela andava muito deprimida com a morte dela. Até porque se culpa pelo facto de ela ter morrido sozinha. Mas explica-me isso melhor, então quem a matou foi esse tal Kalona?
-Sim, ele matou-a e roubou-lhe metade da alma.
-Isso não é possível. Ela rejeitou a mudança enquanto dormia…
-Não pode ser, eu vi-a trancada numa cela e o Alp foi busca-la e … -Joka interrompeu-me bruscamente.
-Disseste ALP? – ela fez uma cara assustada.
-Sim, ele deu-lhe uma rosa e chamaram-lhe Alp… Mas porquê? Conheces?
-Não! Felizmente não conheço! A professora Carol falou numa criatura dessas na aula de história dos vampyros. Os Alpes eram uma espécie de vampiro muito perigosa. Eles atormentam e apoderam-se dos sonhos das mulheres. Mas a professora disse que esses vampiros estavam extintos.
-Tu tens a certeza do que estás a dizer? – questionei Joka se aquilo seria mesmo possível, e olhei para Margarida que estava completamente paralisada a olhar para nós. Margarida olhou para mim com um olhar fixo.
-Faz sentido, é por isso que eu não me lembro de como tinha ido parar aquela cela, eu estava a dormir… morri durante o sono. - Margarida fez um ar completamente chocado.
-A Margarida está a dizer que é possível, talvez seja essa a razão pela qual ela não se lembre de como tinha ido parar à cela. Mas como podemos ter a certeza? – Questionei Joka para ver se ela teria alguma ideia.
-Só há uma maneira de o saber…
-Qual é? – eu e Margarida aguardamos que Joka partilhasse a sua ideia.
-Vamos pesquisar e contar tudo aos outros.
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