Espero que estejam a gostar da fanfic.
Comentem a Tina agradece!
Abandoned
31º Capítulo
Percorri o corredor sombrio, sempre com os olhos postos na erva que crescia sobre mim e à minha frente.
Andava sob a luz fraca do fogo que tinha invocado. Talvez por mal distinguir os pés –ou talvez só porque sim –O meu pé prendeu-se numa saliência da rocha, e eu teria caído de cara no chão, se um braço forte não me tivesse automaticamente.
Assustei-me, a pensar que uma aquelas coisas (ou tarados malcheirosos três vezes malditos mortos-vivos de um raio) me tinha descoberto, por isso reuni rapidamente o poder do fogo nos meus braços, e preparei-me para o atirar a…
-Erik?!? –Os meus olhos fitaram aqueles, azuis profundos, por meros segundos de felicidade, antes de cair em mim.
-Mas o que raio é que fazes aqui? –Atirei-lhe.
-Isso pergunto eu –retorqui-o, depois adoptou uma expressão séria e grave –Zoey, é uma noite especial, o que raio andas a fazer enfiada nestes túneis bafientos com a Afrodite?
-Eras tu que nos seguias?
-Era. Vi-te sair da sala com ela, e quis saber o que raio é que vocês andavam a fazer juntas –suspirou, a sua expressão pareceu cansada –Tenho saudades tuas, não me parecias doida, por ai a passear com os teus amigos…
-E não sou doida… -murmurei.
-Pois não, também não acho que sejas, mas tu e ela têm estado a falar de uma data de coisas esquisitas… Caraças Zoey, o que é que te trás aqui? O psicopata que tentou assassinar o Heath já nem deve estar cá, e se estiver isso não é razão para cá vires vê-lo!
-Não vim cá ver psicopata nenhum.
-Sim, porque ele não existe… -levantou o meu queixo com um dedo e olhou-me nos olhos –O que é que é assim tão grave que nenhum de nós –estava a referir-se, claro, a ele, Damien, Jack e as Gémeas –possa saber mas que a Afrodite possa… E faltar ao ritual? –abanou a cabeça reprovadoramente –Neferet não ficaria feliz.
“Ela ficaria ainda mais infeliz se soubese a razão…” pensei. Mas tinha de tomar uma decisão. Ou contava a verdade a Erik, ou mandava-o passear, o que havia de ser difícil.
-Erik, tens de ir.
-Não.
-Erik…
-Não vou, não saio daqui Zoey –Por amor de Nyx, porque é que me calhavam sempre os teimosos… Naquele momento ele parecia tanto Heath que até me surpreendi quando Erik me sorriu.
-Quero ficar, não sei o que vais fazer, mas vou contigo.
-Não vais, se quiseres, ficas ai, mas não vens comigo. –incuti todo o poder que tinha na minha voz, e fiquei surpreendida pela maneira com que me saiu. Esperava a habitual voz de sumo-sacerdotista, que também me conseguia surpreender, mas a minha voz soava a algo superior, muitíssimo superior –aliás, ele reparou, pois quase se encolheu.
-Qual é o teu problema Z? Eu não me importo com o que está naquele túnel, quero ir contigo.
-Basta! Não vens e pronto! Nem devias estar aqui Erik, vai!
-Mas Zoey…
-VAI!! –berrei.
Suspirou.
-Eu vou, mas se não voltares rápido, eu volto, e trago mais gente.
-Vai… -murmurei, contrariando o lado cobarde que me gritava “Fica! Fica!”
Virei-me e continuei a percorrer o corredor, apressada, quando um grito ecoou pelas paredes rochosas da caverna.
Paralisei, com medo que alguma criatura o tivesse ouvido, mas como não havia reacção regressei atrás para o repreender.
-Erik! Não podes gritar assim! Sabes lá o que nos pode acontecer! Eu disse para ires, mas tu…
O meu sangue gelou nas veias.
Erik estava deitado, encostado à parede do túnel, com uma expressão de agonia no rosto.
-Oh não! –corri para o pé dele –Agora não, não aqui, não agora! –chorei.
A seguir vinha o aroma, delicioso e crepitante, o aroma dele, do sangue dele…
Estranhamente, esse aroma demorou mais do que devia.
Ele debruçava-se sobre si mesmo. Tossiu, eu esperei ver a mão coberta de sangue fresco vindo do seu interior, mas em vez disso, ela vinha quase limpa. Na verdade, duas ou três linhas escarlates cobriam-lhe a mão, mas de resto não havia qualquer sinal do liquido… Pelos vistos, continuava a correr nas suas veias.
-Erik…?
A sua cara brilhava, como se ele irradiasse um brilho branco, brilho esse que aumentou até ele se tornar quase tão florescente como uma lâmpada de garagem. Assustei-me ao ver que os seus olhos não estavam na sua cor normal. Estavam azuis, como se a pupila se tivesse expandido tanto que lhe ocupava todo o olho, e não se viam sinais da mina negra.
Contorcia-se, cheio de dores, até que tudo isso cessou, abruptamente.
Caraças, mas que raio é que ele tinha?
O corpo estava inerte, a pupila parecia ir diminuindo, e a mina do olho centrava-se agora, tal como o brilho que parecia desaparecer –não sabia se havia de sentir medo ou alivio quando tudo parou.
Mas a minha resposta chegou depressa. Assim que o brilho diminuiu o suficiente para que lhe pudesse ver a cara, distingui uns pequenos contornos de um tom safira brilhante, semelhante aos meus…
Soltei um gritinho sufocado –Erik Mudara!
-Minha Drusa Erik tu… -depois reparei que não estava consciente. Encostei a cabeça ao seu peito, e verifiquei que o coração batia, vivo.
Erik mudara, mas estava inconsciente, e eu tinha de o deixar ali.
-Terra –murmurei –No teu seio nascemos e crescemos, por favor protege agora o Erik enquanto ele muda… Eu te invoco, Terra!
Um cheiro a orvalho matinal fez-me saber que sim, que a Terra estava lá e que Erik estava a salvo.
-Adeus –murmurei-lhe –Não demoro! Ou espero que não…
(Próximo Capítulo: terça - feira, ás 16 horas)
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