Abandoned: Ela veio ...

Como prometido, aqui está o capítulo 32.
Espero que estejam a gostar da história.
Comentem, a Tina agradece.

Abandoned
32º Capítulo

Stevie Rae

-Que belo jantar –sussurrou Vénus ao meu ouvido –Estás a apanhar-lhe o jeito…
Referia-se ao delicioso cadáver deitado a nossos pés. Eu própria arrastara a adolescente de cabelos castanhos até ali, e devorara-a juntamente com Vénus. Os outros ainda não estavam lá.
-Sempre o tive…
-Não, tu eras aquela coisita insignificante à dois dias, que se alimentava quando podia e não fazia nada sem ser isso… Mudas-te.
-Mudei –não tinha a certeza se aquilo era afirmação ou pergunta, mas sabia que ela tinha razão: À dois dias desistira de Zoey e de me agarrar ao meu lado humano e começara a viver como os outros montes de massa podre, o que era bastante mais fácil do que tentar manter uma humanidade que não possuía.
-Mudas-te –concordou – ou respondeu .
-Pena que já tenha acabado –constatei.
-É –ela fixou o cadáver a nossos pés –soube a pouco.
Nesse segundo, calamo-nos, escutando os passos que se aproximavam. A luz fraca do candeeiro não nos permitia ver muito além, mas o meu nariz reconheceu-a. Ela voltara.
Agora que decidira ignora-la? A rapariga estava errada, eu era o que era, e o que eu era era aquilo, e aquilo era um monstro sugador de sangue. Pois fosse, não queria saber.
-Oh Minha Deusa! Stevie Rae! –berrou a voz conhecida, do fundo oculto do túnel.
Escutei a voz ecoar por uns segundos, antes de outro ruído me chamar a atenção… Um leve e doce pulsar era a única coisa que ouvia agora, embalando-me. Acabara de comer, dai estar com o sangue na boca e ansiar tanto por mais.
-Trá-la –disse Vénus, como se lesse os meus pensamentos. Não hesitei.
Em segundos, estava junto dela.
-Stevie Rae! –berrou, atirando-se ao meu pescoço. Não reagi e não a abracei, mas fiquei de olho na jugular que pulsava mesmo debaixo do meu nariz. Afinal não, não ia partilha-la com Vénus, ela que arranja-se a dela –palavras que foram irónicas mais tarde. Mesmo quando me preparava para lhe cravar os dentes no pescoço, ela mexeu-se, largou-me (infelizmente) e fitou os meus olhos.
-Ainda posso arranjar isto Stevie Rae, ainda te posso curar, Nyx vai ajudar-me, TU vais ajudar-me.
Por segundos a minha mente disparou para esses pensamentos, concentrando-se no encanto de voltar a ser normal, mas nessa altura ouvi de novo o coração pulsar, e percebi que não era esse o meu destino.
-Não, não vou. É isto que eu sou. Não vou mudar, tu és a presa e eu o caçador, não à volta a dar-lhe –mantive a voz impassível, sem demonstrar o fervor em que estava por dentro.
-Claro que não Stevie Rae! Tu não és essa pessoa, tu és a minha melhor amiga, e a minha melhor amiga não é um mostro!
-Sou, e vou provar-to. –baixei-me e preparei-me para lhe cravar uma dentada, quando voltou a haver uma interrupção.
-Oh, que nojo de cheiro! Parece que alguém morreu –olhou em volta –Esqueçam, afinal não foi uma, foram três.
-Três? –perguntou Zoey, confusa –Mas quem…
Não lhe dei tempo para perguntar o que quer que fosse, pois tinha reconhecido a voz. Esqueci a minha ex-melhor amiga e dirigi-me à minha pior inimiga.
-Tu… -sibilei.
-Sim, sou eu –respondeu Afrodite –E tu Frigorifico, cheiras a podre.
Rugi.
-Cala-te!
-Não me mandas calar –sorriu docemente.
-Ai isso é que…
-Pára! –berrou Vénus, do outro lado da sala –Afasta-te Stevie Rae, deixa-me passar!
-Tu não…
-Sai dai imediatamente! –tornou a berrar. Concedi-lhe o lugar.
-Afrodite? –interrogou.
Esta parecia completamente atordoada.
-Vénus… -sussurrou.
-O que diabo fazes aqui? –a voz de Vénus estava alarmada.
-Vim buscar-te. –retorquiu a cabra odiosa (a que não tinha uma meia lua vermelha gravada na testa)
A voz e expressão de Vénus passaram de incredulidade para escárnio.
-Achas mesmo? Tu vais ser a minha ceia amiguinha…
-Não! Não! Não vou, tu vens mas é comigo tratar desse cabelo nojento e empastado! E olha só o que trazes vestido! A Vénus que eu conheci nunca sairia à rua assim! –fez um sorriso débil.
-Isso porque a Vénus que tu conheces-te não existe agora, só existo eu, e tu és o meu jantar!
Um grito veio de trás de mim, distraindo-nos a todas.
-Kayla… -sussurrou Zoey.
-Hum? –fiz eu.
-Ela… -reparei que tremia –Ela é a Kayla, a cabra que andava atrás do Heath e que tinha sido minha melhor amiga… Tu ouvis-te! Eu contei-te! Como pudes-te?
-Pelo que eu ouvi, ela fez-te um favor –ironizou Vénus.
Ela ignorou-a.
-Eu odiava-a, mas não tinhas o direito de a matar. –a voz estava gelada, acusadora.
-Achas que sabia quem era? Eu não estou habituada a perguntar os nomes às pessoas que mato!
-Tu… Nós vamos resolver-te, nos vamos tirar-te desse transe, vamos trazer Stevie Rae de volta!
-Duvido que consigas…
-Também eu! –a terceira voz soou, possante, pelo corredor.
-Zoey, sabias que não é bonito faltar a um ritual tão importante? –perguntou Neferet.

(Próximo capítulo: quinta-feira, ás 16h)

1 comentário:

R.V. disse...

Absulutamente perfeito^^
Adorei, está fantástico!
Continua, tens talento!
♦♦♦R.V.♦♦♦