Capítulo 9
Quando a aula terminou, segui Tiger para o exterior. Caraças que o miúdo andava rápido!
-Eih Tiger! – Chamei
Ele virou-se lentamente para mim, com um sorriso suprimido nos lábios. Ergue as sobrancelhas de uma forma sedutora.
-Sou assim tão irresistível? – Perguntou. Os seus lábios exibiam agora um sorriso travesso.
-Não tens piada! – Avisei-o. Respirei fundo e contei mentalmente até cinco para não me enervar com ele. Ele ergueu novamente as sobrancelhas, mas agora como se estivesse a perguntar: “Estás bem?”
Claro que estou bem, tu é que já estás a destabilizar tudo!
- Quem era a Elizabeth Sem Apelido – Perguntei, ignorando o olhar de gozo com que estava.
-Oh é isso? Pensei que me fosses convidar para um encontro ou assim – Resmungou na brincadeira.
-Eu não tenho tempo para estas coisas porque tenho que ir para a aula – Informei-o. Ele voltou a sorrir. Caraças que este miúdo não parava de mostrar aqueles dentes lindos e branquinhos. Lindos e branquinhos? Oh boa Mia, estás a ir de mal pior.
-Boa porque eu também! – Respondeu com mais um sorrisinho. Agora apetecia-me espetar-lhe um murro na cara. Virei as costas e segui para a minha última aula: Equitação na Casa do Campo.
-A Elizabeth – Começou. Voltei a voltar-me para ele. A sua expressão exibia uma mágoa profunda que ele à muito queria esconder. A sua aura ficou inundada com manchas negras. Ele conhecia a Elizabeth, deviam ter sido amigos ou assim. Com o “assim” quero dizer namorados.
-Ela era uma iniciada como tu ou eu mas o corpo rejeitou a mudança. – Explicou. A sua expressão e a sua aura mostravam o quanto ele sofreu com aquilo.
-Lamento muito – Disse. Só depois me apercebi que ele não sabia o que sabia. Tenho que ter mais cuidado com a minha afinidade.
-Por que lamentas? – Perguntou, deixando de lado todo o tom sedutor que tinha utilizado anteriormente.
- Por nada – Sorri-lhe e corri para a casa do campo. Não podia chegar atrasada a outra aula.
Quando cheguei ao estábulo fiquei surpreendida por encontrar lá Zoey com a sua égua. Parecia cansada, mas assim que me viu sorriu como tinham feito as gémeas e o Damien.
Cumprimentamo-nos só com um sorriso pois não dava para mais, já Lenóbia me empurrava para o recinto do meu cavalo. Tentei lançar a Zoey um último olhar de “Onde raio estiveste?” e ao mesmo tempo de “Vais-te haver comigo por não me teres acordado para as aulas”. Ela, no entanto, não percebeu nada. Falava com outro aluno.
Entrei dentro do recinto e olhei para o cavalo que Lenóbia preparava para ser montado. Era preto com umas engraçadas manchas brancas. Tinha uma orelha branca e a outra negra. Os seus olhos eram quase indistinguíveis por causa do seu pelo negro. Algo naquele cavalo despertou a minha atenção, não sei bem porquê, visto que era um cavalo!
-Este é o Shiva. – Apresentou-me Lenóbia. – Agora é o teu cavalo.
Shiva. O meu cavalo enquanto estivesse na Casa da Noite. Aquele que acompanhará a minha mudança… ou a minha morte. Mas porque raio estava eu sempre a pensar nisto? Pareço uma neurótica.
Afaguei Shiva. Ele olhava-me com doçura e, quando lhe passava a mão pelo focinho, fechava os olhos com ternura. De repente fez-me lembrar o meu cão, Bob, que morrera uma semana antes de eu ser marcada. Era um perdigueiro cor de chocolate e fazia exactamente a mesma coisa quando lhe afagava o focinho. Uma lágrima escorregou-me da face.
Eu tinha esse cão desde os meus 5 anos de idade e ele crescera comigo. Ia-me buscar à escola e protegia-me de toda a gente que se mete-se comigo… e não só. Um dia, o rapaz mais giro da turma estava a namoricar-me e ofereceu-se para me acompanhar a casa. Até aqui tudo bem, o Bob tolerou. Mas quando estava à porta do meu apartamento e ele me abraçou, com umas segundas intenções, Bob atirou-se a ele e derrubou-o para o chão. Colocou-se em cima dele e rosnou-lhe. A partir daí ele não quis mais nada comigo. Grande cão, protegeu-me de possíveis desgostos amorosos.
Subitamente, senti que Shiva também poderia fazer isso por mim. Os seus olhos negros eram-me estranhamente familiares e, embora só nos tivéssemos conhecido à cinco minutos, exibiam uma ternura inexplicável. E eu, naquele momento soube que também faria qualquer coisa por ele, era como se nos conhecêssemos à anos.
Ele colocou a sua cabeça por debaixo do meu braço, como fazia o Bob quando queria que lhe desse da minha comida…
Aí, ouvi um clique ecoar na minha cabeça. Seria possível o Bob ter reencarnado para me proteger? Para me continuar a proteger.
Será que dentro daquele cavalo ternurento estava o espírito de um cão perdigueiro que passava a maior parte do tempo a correr em campos abandonados e a caçar pássaros que não sabiam que o perigo espreitava a qualquer momento, e que se divertir a estragar a minha vida amorosa?
-Vamos dar uma volta Shiva?
O cavalo relinchou, como a responder à minha pergunta. Montei-me nele e segui os outros para fora do estábulo. Coloquei-me ao lado de Zoey.
-Onde é que andaste rapariga desaparecida? – Perguntei-lhe
Ela riu-se antes de me responder.
-A Neferet autorizou-me a ir ao Shopping comprar mais produtos para os rituais e deixou-me faltar às aulas na parte da manhã. – Riu-se e eu também. Acho que apanhamos a mesma piada. É que as nossas supostas manhãs, são o inicio da noite. – Tive de me levantar quando o sol ainda se estava a pôr para poder comprar algo antes que as lojas fechassem.
-Mas isso então não demorou a manhã to… - A minha voz sumiu-se. Claro, ela tinha aproveitado para ir ter com a Steve Rae. – Foste com a Afrodite, certo?
-Sim, é mais seguro andarmos juntos visto que o povo da fé anda por aí à solta.
Estremeci. Apenas pensar na história que a Zoey me tinha contado acerca dos professores vampiros mortos pelo Povo da Fé causava-me náuseas.
Lenóbia aproximou-se de nós, montada num cavalo totalmente branco, único lá no estábulo, provavelmente para chamar ,ais a atenção durante a aula.
-Meninas vamos agora acabar com a conversa? – Perguntou de uma forma amável.
Ambas acenamos afirmativamente e começamos a dirigir-nos para o pecadilho. Porra, era a segunda vez que era chamada à atenção durante as aulas, só hoje.
Lenóbia estive mais tempo comigo do que com os restantes alunos da turma, uma vez que eu era nova e ela com certeza não queria a enfermaria entupida com mais uma iniciada. Pensei em perguntar-lhe como estava Melody, mas não deveria ser uma pergunta pertinente para a aula.
Apesar de Lenóbia me ter dito várias vezes que poderia hoje só assistir à aula se não me sentisse confiante com o cavalo, eu neguei sempre. Eu sentia-me bastante confiante em Shiva, talvez por ele me fazer lembrar Bob.
6 comentários:
ADORO! ADORO! ADORO! Cada vez melhor!! CONTINUEM!
Lindo, como sempre *o*
Quero mais :b
Porque nao foi publicado o proximo capitulo?
Porque o proximo capitulo nao foi ja publicado???
Ola anonimo,
O capitulo nao foi potado porque nao nos fo enviado.
OK!!! BJS!
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