Capítulo 12
Acordei bastante cedo no dia seguinte. Agora, o que acontecera na noite passada já não me atormentava tanto. Tinha sido uma falha de electricidade e, com o medo, pareceu-me ver algo e interpretei mal. Bem deve ter sido mesmo isso certo?
Ainda estava de dia, mais precisamente pôr do sol. Mesmo com as cortinas fechadas, os raios de sol conseguiam invadir o quarto. Dirigi-me á janela e fechei as persianas, para que aquilo não acordasse também Zoey, mas não estava à espera que elas a fechar fizessem o estrondo que fizeram.
-Desculpa – Sussurrei
Zoey gemeu e rebolou na cama
-Se não estivesses aqui há apenas um dia, estavas feita! – Resmungou.
-Uhh, a Zoey tem muito mal acordar! – Exclamei e coloquei a mão á frente da boca, exagerando bastante a minha “suposta” surpresa.
Enquanto me ria do meu belo e breve momento teatral, levei com uma almofada em cheio na cara. Agora era ela que se ria da minha cara. Peguei na almofada e simulei como se lha fosse atirar, fazendo-a por as mãos á frente da cabeça e fechar os olhos.
-Estou á espera! – Resmungou
-De quê? – Perguntei, colocando-me ao lado dela na cama.
Ela riu-se e olhou para o despertador.
-Ainda temos tempo antes das aulas começarem, que me querias contar?
Hesitei antes de falar, mas sabia que podia contar com ela.
-Bem, o ataque de Melody foi verdade, não estava a gozar, juro! – Defendi-me, rezando para que ela acredita-se na minha palavra.
-Eu sei que acontecem coisas estranhas aqui na casa da noite e, um corvo gigante com cara de homem já não é nada que me surpreenda. – Acabou por responder.
Senti a felicidade apoderar-se de mim e agarrei-me a ela e abracei-a com toda a minha força.
-Obrigada por acreditares em mim – Disse
-Ok, ok, mas agora quero-te perguntar uma coisinha, mas não leves a mal! – Avisou-me
-Diz lá Zoey, eu prometo que não mordo – Brinquei
-O que estava o Erik lá a fazer?
Bem… Ela é que tinha de prometer que não me mordia. Mordi a língua com tanta força que me doeu.
-Eu e o Erik temos algo bastante estranho. – Expliquei – Não sei se andamos mesmo, quer dizer, tu é que por favor tenta entender, mas eu acho que não gosto dele dessa forma mas, quando estou com ele faço coisas que ás vezes parece que não sou eu que comando o meu corpo, que há uma vozinha na minha cabeça a dizer “Cuidado!”, mas que há outra que se sobrepõe a esta e diz “Tem calma, está tudo bem!”. É que, nem eu sei bem o que se passa e tu tens de me ajudar a descobrir Zoey, por favor!
Olhei para ela e o seu rosto estava sério. Quando abriu a boca para falar, tinha medo de levar com um não, com um “Traidora” ou “Eu bem sabia!”, mas fosse o que fosse, era para meu bem e eu sabia que o merecia.
-Como pudeste? - Perguntou com a voz trémula.
-Por favor…
-Eu contei-te tudo, não te escondi nada. Fui bastante claro quando te disse que ele era meu ex mas que eu ainda e amava como amo agora. E no mesmo dia tu curtes com ele, mesmo depois dos avisos que te deu e ainda dizes que não controlaste?
Abri a boca para falar mas ela não me deixou
-Eu amo-o. Eu sei que lhe fiz mal, que errei, que também beijei muitos mais rapazes nas costas dele, mas…
-Se vires por esse lado compreendes que o que eu te fiz foi o que tu lhe fizeste.
-O que?! – Zoey levantou-se da cama e colocou-se á minha frente – Fizeste isso para te fingares de mim, na vez dele!
-Claro que não! – Levantei-me também e elevei a minha voz. Tinha de a fazer ouvir a razão – Tens de parar tanto de olhar para o teu umbigo Zoey! Eu cometi o mesmo erro que tu! E estou-te a dizer que é como se algo me manipula-se a faze-lo mas que me envolve tanto que até confundo os meus pensamentos com isso! Quando isto te aconteceu tu quiseste resolve-lo e escondeste dos teus amigos, mas algo correu mal e eles souberam antes de tu poderes contar. Ficaram zangados contigo e tu sabes que não merecias. Comigo é a mesma coisa!
Depois de um momento de silencio, ela voltou a falar.
-Não, eu estou no lugar do Erik.
-Exactamente, e sei que queres que ele te desculpe. E acho que antes de lhe pedires tal coisa, devias ver as coisas do ponto de vista dele. Para isso Zoey, perdoa-me, porque eu estou assumir que errei e que preciso de ajuda para perceber o que se esta a passar.
Mais um momentos de silencio.
- Porquê? Porquê? – Perguntou desesperada.
-Eu já te expliquei o que se passa e cabe-te a ti acreditar e perdoar. – Respondi.
Olhei-a nos olhos e vi na sua aura azul baço uma cor a ressurgir. Um vermelho cor de fogo que se expandia e dominava o azul fraco. De um momento para o outro, o azul venceu a guerra e o vermelho foi substituído por uma azul ciano muito forte e reluzente.
-Eu acredito em ti e sim, ajudo-te! – Acabou por responder.
A alegria apoderou-se novamente de mim e voltei a abraça-la, quase a chorar de alegria.
2 comentários:
adorei!! ta mesmo, mesmo bom!!!! continua!!!!!
Está fantástico. Mesmo muitoooo bom..
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