Entrevista com P.C. Cast

O grupo ParaNormal Romance teve esta entrevista com P.C. já há algum tempo, mesmo antes de esta lançar a série Casa da Noite.
Aqui P.C. fala dos outros livros que escreveu, e os seus futuros planos. Mais para o final P.C. fala de "Marcada".

PNR: Poderia contar-nos como começou a escrever, é algo que sempre quis fazer?

P.C. Cast: Tenho andado a escrever há tanto tempo quanto tenho lido, o que remonta às minhas primeiras memórias. Escrevi o meu primeiro "livro" na primeira classe: Blubby the Blue Whale. Tinha um mamífero aquático voador e uma rapariga suspeitamente familiar que cavalgava no dorso da baleia. ...não consegui publicá-lo...ainda. Sim, sempre quis ser uma escritora.

PNR: Quem, ou quais têm sido as suas grandes influências?

P.C. Cast: Essa é uma pergunta difícil, porque não foi apenas uma única pessoa ou coisa que me influenciou, tratou-se de um esforço combinado. Em primeiro lugar, venho de uma família literária, ler era algo que todos nós fazíamos. A vencedora do Prémio Pulitzer Anne Tyler é minha prima (gosto de pensar que tenho alguns desses genes!). Também tenho um pai que me começou por dizer desde muito cedo que sou bonita e inteligente e que posso conseguir tudo o que eu quiser fazer. Nunca me ocorreu duvidar de mim própria, ou ir atrás de algo que não fossem os meus sonhos. Quando tinha doze anos, li "O Voo do Dragão" e apercebi-me de que, não só uma mulher podia escrever fantasia, como as mulheres também podiam protagonizar romances de fantasia. E pode parecer estranho mas também dou crédito a dois
péssimos casamentos por me motivarem a concentrar-me e ter o primeiro livro escrito. Tornar-me uma autora de sucesso era uma forma de escape, figurativamente e literalmente.

PNR: A sua obra é muito popular entre os leitores e críticos, qual é a sensação de ter um reconhecimento tão positivo pelo seu trabalho?

P.C. Cast: É uma maravilha! Faz-me sentir realizada quando críticos realmente compreendem e apreciam o meu trabalho, e adoro ouvir da parte dos leitores que a minha escrita os comoveu. Sou também muito competitiva, por isso quando o meu trabalho é reconhecido ao vencer um concurso, acho que isso é fantástico.

PNR: Quais considera serem os elementos-chave de uma grande história?

P.C. Cast: Antes de mais, uma grande história deve ter personagens com as quais os leitores simpatizem. Se um escritor não se importa com a sua personagem, não se vai importar com a história. E depois o autor deve pegar nessa personagem tridimensional e colocá-la, juntamente com um herói e outras personagens secundárias tridimensionais, num mundo verosímil. É mais fácil dizê-lo do que fazê-lo...

PNR: Considera que a sua escrita é motivada pelas personagens ou pelo enredo? Como equilibra esses dois elementos?

P.C. Cast: Penso que a minha escrita é motivada por ambos. Digo isso porque vendo os meus romances de acordo com as propostas que me oferecem, por isso sou forçada a escrever, antes de mais, uma sinopse. Por isso, tenho uma guia que devo seguir e já tenho trabalho feito em relação ao enredo. Mas depois começo a escrever o manuscrito e acontece frequentemente as personagens tomarem controlo e mudarem a história. Um exemplo disso foi o que aconteceu com o "Divine by Choice", o manuscrito que estou quase a terminar. Já tinha escrito cerca de 350 páginas e a chegar à conclusão quando me apercebi que eu tinha o herói errado! Sim. Uma personagem secundária, uma que era suposto ser apenas um obstáculo ao herói, tinha tomado controlo. Por isso tive que fazer alguma reescrita, mas deixei a personagem controlar a narrativa, ela sabia o que estava a fazer.

PNR: Os seus livros retratam heroínas fortes com quem os leitores simpatizam, descreveria a sua escrita como feminina? Qual o seu apelo às leitoras?

P.C. Cast: Considero a minha escrita direccionada para o público feminino. Nos meus romances celebro a força, beleza, diversidade e independência da mulher actuais. As minhas heroínas não precisam de ser salvas e não precisam desesperadamente de um homem. Acho que isto apela a imensas leitoras porque a mulher moderna é forte e independente - ela procura por um homem que complemente a sua vida, não um que a salve. As minhas leitoras vêem-se a elas próprias, ou aquilo que elas tentam ser, nas minhas heroínas e por isso identificam-se com elas.

PNR: Podia descrever-nos a forma como desenvolve as suas personagens? Qual a personagem que mais gosta de escrever? E a mais desafiadora?

P.C. Cast: Essa é outra pergunta difícil. Desenvolvo as personagens de formas diferentes. Às vezes baseio-as em pessoas que conheço (esta não é uma estratégia particularmente popular entre os meus amigos e familiares), e às vezes invento as origens da personagem e deixo-a desenvolver-se. Um exemplo disso foi quando escrevi "Goddess of the Rose", uma nova versão de "A Bela e o Monstro", e eu estava a criar a minha própria personagem do Monstro. Primeiro criei as suas origens - como nasceu - que tipo de infância teve - como veio a ser Guardião do Reino da Rosa. Depois o passado que criei para ele foi o que literalmente criou essa personagem. A minha personagem favorita é provavelmente Shannon Parker da série "Divine by Choice". É a minha favorita porque é a mais fácil de escrever (muito embaraçosamente, é muito parecida comigo). O maior desafio é provavelmente o centauro Huntress, Brighid, de "Brighid's Quest". Foi um desafio porque ela é muito complexa e porque atravessou uma difícil jornada de auto-descoberta.

PNR: É conhecida pelo humor que contagia na sua escrita; esta abordagem surge de forma natural para si? Considera o humor um elemento essencial na sua obra?

P. C. Cast: o humor surge-me naturalmente. Na verdade, já tive que me moderar bastante, e tenho que ter cuidado. Pessoalmente, tenho tendência a ser sarcástica, e acho que a vida é bastante engraçada. Por isso sim, o humor é um elemento essencial na minha obra, mas não penso realmente nisso. Nunca comecei um livro a dizer para mim própria, "ok, tens que ser realmente divertida
neste livro." Acho que os escritores ou têm talento para a coisa ou não têm. E se não têm, deveriam ter cuidado. No outro dia, numa das minhas viagens, uma escritora estava a lamentar o quão engraçada tinha que se forçar a ser num trabalho, e mal podia esperar para que terminasse. Fiquei espantada com o que ela disse. Obrigar-se a ser engraçada? Huh?

PNR: Tem sido elogiada pela sua criação de mundos de fantasia. Que desafios enfrenta na sua construção de um mundo?

P.C. Cast: Adoro criar mundos! Deixem-me ser a deusa! Ironicamente, já me disseram que eu me dedico demasiado à criação do mundo nos meus romances. Não concordo com isso e luto ferozmente para manter os elementos essenciais do mundo em todos os meus romances. O maior desao até agora foi manter o conjunto de regras que criei no meu primeiro romance publicado em
1999, "Goddess by Mistake", que (sem eu saber na altura) tornou-se o alicerce de uma série de fantasia épica para a editora Luna. Soubesse eu então que ia criar mais cinco livros nesse mundo e teria definitivamente mudado alguns parâmetros e criado mais espaço de manobra.

PNR: Tem escrito no género da fantasia na série "Goddess Summoning" da Berkley e a série "Partholon" da Luna. O seu nicho parece ser o romance derivado de mitologia. O que a atrai neste género? Há algum género que ainda não tenha experimentado mas em que gostasse de escrever?

P.C. Cast: Adoro mitologia, e gosto muito de pegar nos mitos que foram alterados e subvertidos devido a um domínio patriarcal e mudá-los para que reflictam uma perspectiva pré-Helenística e matriarcal. Por outras palavras, celebro as mulheres e as suas forças. Adoro a magia dos mitos e as suas possibilidades infinitas.
Sempre quis escrever um livro de horror e recentemente tenho sido atormentada por uma ideia para uma acção feminina.

PNR: Porque acha que a mitologia é um tema tão popular no género do romance paranormal?

P.C. Cast: Penso que está relacionado com as infinitas possibilidades e o sentido de magia e descoberta que os mitos implicam. E para mais, o vestuário é excelente, os cenários luxuriosos e o vinho é servido sem rédeas. Como não gostar?

PNR: Em Maio de 2007, St. Martin irá lançar o primeiro volume de uma nova série para jovens adultos que está a escrever com a sua filha, podia descrever-nos um pouco essa série? Que desafios enfrenta em escrever para jovens adultos? E escrever com a sua filha?

P.C. Cast: Adoro esta série! É uma nova abordagem do mito do vampiro que mistura algumas questões actuais relacionadas com os adolescentes com o paranormal num mundo muito semelhante ao nosso - excepto que no mundo de Zoey Redbird os vampiros sempre existiram. Os nossos vampiros têm uma explicação biológica versus uma explicação sobrenatural, mas eles têm poderes
extraordinários e são governados pela Deusa da Noite, Nyx. A série Casa da Noite, e o primeiro romance, "Marcada", é sombrio, divertido e sexy, e é relevante para os miúdos de hoje em dia. Escrever neste novo género tem sido interessante. Dou aulas no secundário desde 1993 e venho de uma família de professores, por isso os adolescentes fazem parte da minha vida, mas só comecei a ler livros para jovens adultos há poucos anos. Adoro o que se tem passado com o género - é tão interessante e emocionante! Escrever com a minha filha tem sido fantástico. Por favor - quem não gostaria de poder bater no seu co-autor? Agora a sério... penso que é interessante, bem como invulgar, que eu e a minha filha estejamos a escrever esta série juntas. Eu brinco com o facto de ser eu a espicaçá-la, mas a verdade é que desenvolvi alguma da minha escrita mais honesta com ela. Kristin não tem medo de me dizer "Uh, mãe. Isso é uma porcaria." Ou (e esta é a minha favorita) "Mãe, acabaste de fazer a Zoey soar como uma professora amargurada de 46 anos de idade". Aprendi que há algumas coisas, como os diálogos internos de Zoey, que a Kristin escreve melhor. A forma como trabalhamos é engraçada: eu escrevo, e à medida que vou terminando partes do manuscrito, envio-as por e-mail para a Kristin, e ela começa por escrever ou reescrever. Deixo lacunas no texto e incluo notas e questões enquanto trabalho no rascunho. Frequentemente, eu e ela enviamos mensagens instantâneas de trás para a frente, para fazer perguntas ou esclarecimentos, e rimo-nos muitos, etc. Quando ela me envia o texto reescrito, ela tem sublinhadas muitas coisas e coloca as suas próprias questões. Isso fez-me olhar de uma forma mais profunda para um manuscrito, e tem sido realmente divertido!

PNR: Conte-nos acerca dos projectos em que tem estado agora a trabalhar; o que podem esperar os leitores nos próximos meses?

P.C. Cast: Bom, neste momento estou a terminar o "Divine by Blood", que será lançado em Setembro de 2007. "Marcada" é o primeiro livro da série Casa da Noite que estou a escrever com a minha filha, Kristin, e será lançado em Maio de 2007. Em Junho de 2007 sai o meu próximo livro "Goddess Summoning". É interessante notar que este livro foi um pedido especial de Christine Zika, a minha editora para os primeiros cinco livros de "Goddess Summoning". Quando estávamos a discutir o meu próximo livro, ela disse que gostaria de ler uma história sobre Vénus, a Deusa do Amor. E que seria engraçado se Vénus viesse ao mundo mortal moderno para realizar uma mudança na vida de um humano, e depois descobre que é a sua própria vida que precisa de mudar. Adorei a ideia e escrevi-a. "Goddess of Love" foi imensamente divertido escrever! E é sem dúvida o meu livro mais sexy. Como não poderia deixar de ser tendo Vénus como heroína? Comprometi-me também com a Nocturne numa nova série dark paranormal que será lançada em 2008.

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