Capitulo 11
(uma semana depois)
Estava a divertir-me imenso com o meu novo dom, não só pelo facto de conseguir usá-lo para meu divertimento como também me fazia esquecer um pouco o facto de conseguir ver iniciados mortos.
As aulas começaram a ficar mais animadas com o meu novo dom. Mas depois da minha Sumo-Sacerdotisa, ter descoberto através dos pensamentos dos meus amigos que conseguia controlar as emoções das pessoas, proibiu-me expressamente que eu a usa-se em professores. Estive cerca de três horas a ouvir um sermão pelo facto de não lhe ter contado do meu dom. Mas apesar disso, algo me dizia para não lhe contar do meu dom de comunicar com os iniciados mortos.
-Mariana promete que não irás usar o dom para fazeres disparates. Se Nyx te concedeu tal poder terás de ser responsável.
-Prometo.
Apesar da minha promessa às vezes fazia batota. Acho que Nyx não irá ficar chateada se o usar algumas vezes para me distrair até porque o facto de ver iniciados mortos conseguia irritar-me.
Estava na aula de teatro quando o professor Pedro nos mandou formar pares. Como Joka estava a faltar eu não tinha par e olhei em redor da sala para ver se mais alguém não tinha par. Vi no canto da sala uma rapariga que estava sozinha. Cheguei-me perto dela e observei-a por breves momentos. Era baixa de cabelo encaracolado e uma franja que quase lhe tapava os olhos.
Fiquei imóvel ao lado dela à espera.
-Mariana já tem par? – o professor aproximou-se de mim e olhou ligeiramente para baixo. Ele era mesmo lindo…
-Sim professor. – fiz sinal para a rapariga que se encontrava ao meu lado. O professor franziu ligeiramente, o sobrolho e ficou a olhar para mim com um ar muito sério. Os meus colegas começaram-se todos a rir de mim. O que teria eu feito de errado?
- Menina Mariana está a brincar comigo?
-De modo algum professor. – todos se riam de mim.
- Deixe-a fazer o exercício com a vassoura professora, sempre é melhor que nada. – um rapaz com o cabelo ruivo encaracolado ria e gozava comigo. Fantástico! Estava-se mesmo a ver. Todos pensavam que eu era uma doida varrida. Mas porque raios, estava ali aquela iniciada morta? Eu sabia que este dom de ver os mortos me iria prejudicar.
O professor deve ter reparado que eu estava meia atordoada e dispensou-me da aula. Dirigi-me até à porta para sair, enquanto passava o corredor os outros iniciados iam cochichando e rindo, provavelmente seria da figura triste que eu acabara de fazer. Tentei ao máximo conter as lágrimas, eles não iriam levar a melhor. Ergui a cabeça e virei-me uma última vez antes de sair. Mas já nenhum deles se estava a rir, estavam com caras muito sérias e angustiadas. Fi-los sentir tudo que me fizeram sentir. Fi-los sentir a minha angústia, tristeza até mesmo raiva. Levei a mão á testa onde permanecia a minha marca tão diferente das outras.
Porque raio me estava Nyx a fazer passar por isto? Sempre que pensava nisto, algo me dizia que isto seria só o começo…
Precisava de falar urgentemente com alguém, precisava de desabafar com alguém. Fui até ao pátio e sentei-me por baixo da árvore onde encontrei Margarida pela primeira vez. Encostei a cabeça ao tronco e fechei os olhos, talves se os fechasse com a força suficiente tudo voltaria a ser como era, tentei afastar todas as energias negativas que estavam dentro de mim mas em vão. Infelizmente o meu dom, de controlar as emoções das pessoas não resultava com as minhas próprias. Chorei tanto que acabei por adormecer.
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