Capitulo 9
David e eu íamos a caminhar pelo pátio fora, estava uma noite cerrada. Se eu ainda fosse humana diria mesmo que estava frio, mas desde que fui marcada que o frio não me incomodava como dantes.
-Está mesmo uma noite linda não achas? – David sorria enquanto olhava para o céu estrelado.
-Tens razão, está uma noite mesmo linda.
-Sabes, quando era pequeno gostava de me deitar no telhado de minha casa e olhar para as estrelas. Sempre gostei muito da noite. As estrelas fascinavam-me, e ainda me fascinam. Sempre pensei que a vida das pessoas estava escrita nas estrelas. – fiquei fascinada com as palavras dele, nunca pensei que ele fosse tão “sensível” estava admirada com a maneira de ser dele.
-Achas que eu também tenho uma estrela? – ele sorriu e olhou para mim com os olhos brilhantes segurando na minha mão.
-Se assim for, a tua deve ser a mais linda que brilha no céu. – ele segurou-me pela cintura e puxou-me para junto de si. Senti os joelhos fraquejarem enquanto ele se aproximava de mim. Olhava-me tão intensamente que era impossível desviar o olhar daqueles olhos lindos. Como era mais alto que eu, curvou ligeiramente a cabeça aproximando os seus lábios dos meus e beijou-me. Beijou-me como nunca ninguém antes me beijara. Os meus lábios ferviam em contacto com os dele enquanto se moviam ao mesmo ritmo. Senti paixão, não só minha mas também dele. O corpo dele transmitiu-me uma corrente de emoções. Foi algo que nunca tinha sentido antes. Já estava a ficar sem fôlego quando ele desviou a cara e aproximou a boca do meu ouvido.
-Felizmente que a mais bela das estrelas não está no céu. – acariciou-me o cabelo com a sua mão direita e puxou-me para junto de si com a outra mão voltando a beijar-me.
-Bah! Que nojo, podias não fazer isso em publico? – afastei-me bruscamente de David e olhei para Margarida que estava ao lado dele a resmungar. Olhei para ela com a cara mais zangada que eu tinha.
-O que raio estás tu aqui a fazer? Será possível que não sabes o que se chama privacidade?! – ela cruzou os braços.
-Oh! Desculpa lá ter vindo aqui ver se Kalona estava a tentar matar-te! – cuspiu-me as palavras com um ódio que nunca vira na cara dela.
-Fazes ideia o que para mim significou ver-te aqui assim agarrada? Pensava que era Kalona que te estava a sugar a alma. – Margarida começou a chorar e começou a correr em direcção aos dormitórios atravessando a parede.
-O que se passa Mariana? – David estava imóvel a olhar para mim.
-Era a Margarida, ela viu-nos agarrados e pensou que era Kalona que me estava a sugar a alma. Como viste eu passei-me e ela foi-se embora a chorar. Acho que ficou mesmo zangada comigo. Tenho que ir ter com ela. – virei-me para o edifício dos dormitórios e comecei a correr. Sem nunca olhar para traz. O que raio se estava a passar comigo? Eu estava a correr atrás de um fantasma e deixei o rapaz dos meus sonhos para traz sem lhe dizer mais nada. Corri para o dormitório e entrei no meu quarto. Olhei para todos os lados à procura de Margarida mas não havia sinais dela.
-Margarida desculpa, eu não queria ofender-te mas compreende que isto também não está a ser nada fácil para mim. Por favor aparece. Eu estou mesmo arrependida. – ela apareceu por traz de mim atravessando a porta.
-O que queres? Não te querias ver livre de mim? Eu só queria que me ajudasses, mas pelos vistos só queres que eu desapareça de vez. – ela virou-me a cara que estavam cobertas de lágrimas e sacudiu o cabelo.
-Não é nada disso, eu não quero que desapareças. Eu gosto de ti, e quero ajudar-te mas tens que me dar tempo para me habituar à ideia.
-Tens razão, desculpa ter interrompido o teu momento, mas quando te vi ali fiquei com medo de te perder. – Margarida começou a chorar. Queria agarra-la e abraça-la mas provavelmente só iria agarrar no vazio, mas mesmo assim tentei alcança-la. Estiquei a minha mão tentando tocar na dela. Senti a palma da minha mão arder. Margarida paralisou e olhou-me nos olhos. Foi aí que me aconteceu o mesmo que acontecera com David. Consegui sentir tudo o que ela sentiu e tudo o que ela estava a sentir naquele momento. Sentia medo, terror, desespero um turbilhão de emoções. Tentei largá-la mas parecia que estava presa por uma corrente eléctrica.
-Mariana? O que se está a passar? - Margarida olhou para mim com um ar aflito.
-Não sei, eu acho que consegui sentir… Senti o que tu sentes.
-Não me estava a referir a isso, tu tocaste-me o que é por assim dizer impossível pois não passo de um fantasma.
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