Blessed - 7º Capitulo



SETE
Melissa


Enquanto caminhava por entre o seco e espesso feno que estava espalhado no chão das cocheiras, senti uma leve brisa que pairou sobre o meu corpo. Arrepiei-me logo e comecei a ficar um pouco resfriada. E eu a pensar que os vampyros não sentiam nem calor nem frio. Sempre imaginei que fossem daquele tipo que só bebe sangue. Enfim…rumores exagerados, pensei eu.
- Estás bem? – Dissera a Lenobia, oferecendo-me um casaco. – Aqui por estes lados costuma soprar mais vento do que é costume.
- Obrigada. – Respondi, vestindo-o de seguida. – Mas há uma coisa que não percebo. Aliás, que não percebi desde que aqui cheguei.
- E o que é que não percebes, criança? – Por um lado, odiei que me tivesse chamado aquilo, mas por outro, achei uma certa piada.
- Muita gente do meu bairro…quer dizer…do meu antigo bairro, dizia sempre que este sítio era uma escola de monstros e coisas afins ou que estavam aliados a Satanás e que todos os que estavam aqui eram monstros sobre a terra. – Já tinha pensado nisto meses antes de ser Marcada…enquanto ainda era uma humana.
- Isso são apenas argumentos baratos e completamente estúpidos, se queres que te diga. – Disse ela, com voz firme e directa. – Ninguém nos pode criticar sem nos conhecer primeiro. Fazem julgamentos com base em casos particulares, mesmo sabendo que muitos de nós não têm culpa. Enfim…continua, por favor.
Esta professora era simples e convicta. Mostrava um sentido de honestidade enorme. Uma das poucas qualidades que se pode encontrar numa pessoa. Tudo aquilo que sabia sobre os vampyros de nada valiam quando confrontados com a realidade.
- Este sítio serve para quê?
- Poucos iniciados perguntam isso, mas pelos vistos, tu és um caso raro. A Casa da Noite serve para ajudar os estudantes marcados a passar pela Mudança. Alguns completam-na e tornam-se vampyros adultos. Mas há outros cujo corpo pode rejeitá-la e pode… - Enquanto pronunciava as últimas frases, um pesar na sua voz começara a notar-se, embora fosse pouco nítido.
- Pode o quê? – Agora tinha ficado curiosa e, ao mesmo tempo, preocupada.
- Não queria estar a alarmar-te, porque este é o teu primeiro dia. Alguns acabam por se aperceber daquilo que lhes poderá acontecer dias após…
Interrompia-a e então disse logo:
- Por favor, diga-me. Eu não sou nenhuma criança. Eu posso aguentar.
- Ok. Aqui vai…aqueles que não completam a Mudança, morrem.
Aquela mensagem fora um completo choque para mim. Eu podia morrer? Mas…tudo acontecera de forma tão repentina. Já a minha Mudança seria algo muito pesado para carregar em cima dos ombros, mas ter que me preocupar com a minha possível morte era outra coisa. Mas também já tinha pedido aos céus que levassem a minha alma deste mundo. Por isso…se morresse já me estavam a fazer um favor e nada mais do que isso.
Mas o mais estranho que pensara logo naquele momento era se algum dia alguém sentiria a minha falta. No que é que eu estava a pensar? Claro que ninguém sentiria. Nem sei sequer se o meu pai mostraria algum tipo de sentimento se me visse num caixão. Não tinha amigos nem amigas que quisessem saber de mim ou que quisessem saber daquilo que sentia. Sou apenas mais um ponto neste planeta. Um ponto insignificante cuja vida estava destinada à desgraça e ao fracasso.
Enquanto as outras pessoas levavam a sua vida com normalidade, eu sentia inveja delas. Sentia isso, porque elas tinham algo especial em si. Tinham um pouco de tudo, enquanto eu nada tinha. Bem…eu tinha uma casa e isso. Mas queria algo mais. Eu queria alguém que fosse gentil para comigo…que fosse amável e, mais importante de tudo, que gostasse de mim como eu era.

Lenobia

Em todos os meus anos de ensino, nunca encontrara uma aluna assim como esta. Ela era jovem e forte, pelo que eu conseguira perceber. Seria uma iniciada prodigiosa, no meio de tantas outras? Talvez, mas isso só se saberia quando ela começasse a seguir o seu horário – isso é certo. Agora tinha mais um cargo a exercer. Não era só professora dela. Era também a sua mentora. Eu teria de guiá-la neste percurso que a deusa criou. Teria de orientá-la nas suas decisões, para a ajudar no seio do certo e do errado. Teria um fardo enorme, mas seria interessante ver como é que ela se sairia. Mas uma coisa me preocupava. Em todas as palavras que trocáramos, o seu tom de voz foi sempre o mesmo. A tristeza estava misturada entre aquilo tudo que ela dissera. Eu gostava de a puder ajudar de alguma forma.
- Algo te preocupa, Melissa? – Perguntei eu, deixando-me levar pela minha impetuosa “sinceridade”.
- Não. Bem…é algo que…oh, deixe estar. Não é nada. – As palavras soaram breves como frases de um livro, mas curtas como a publicidade que dava na televisão.
- Sabes que podes contar comigo para te ajudar. Tens a minha palavra de honra.
Uau. Nunca tivera que usar a minha palavra ou um juramento qualquer com muitos alunos, mas fi-lo com aquela rapariga. Engraçado – pensei eu.
-Ok. Podia guiar-me até ao meu dormitório? Estou um bocado cansada. E preciso de me preparar para começar com outra vida escolar. Que seca. – Dizia ela, enquanto deitava um olhar meio aborrecido, meio calado.
Achei piada o que ela disse. Queria rir-me até parar, mas não podia. E não queria mesmo. Causar má impressão à minha iniciada não constava na minha lista.
- Vais ver que a Casa da Noite não é assim tão aborrecida. Há muitas maneiras de se divertir por aqui. Temos tanta coisa que os humanos não têm. E temos uma coisa que alguns não têm – crença e amor. Enquanto alguns não crêem em nada, nós temos a nossa deusa Nyx, que nos ama como seus filhos e que nos guia durante a vida eterna. Mas agora também não vou estar com muitos rodeios, visto que queres ir descansar. Segue-me, Melissa. – Dizia eu, a levava para fora das cocheiras.
Depois limitei-me a levá-la até aos dormitórios. E durante o caminho que fazíamos até lá, nada proferimos. Mas eu já tinha criado um elo com ela. Um elo de uma possível amizade.

5 comentários:

joana disse...

Adorei, não achei assim tão grande´ mas está mt bom.
Agora já sei pk q criaste a Melissa e ela ter esta personalidade e pensamentos.
Adoro as comparações que fazes e os pensamentos q dás às personagens, não sei são... diferentes.
O que interessa é q adorei, quer dizer tenho é de arranjar uma para classificar esta fic, é cm ei dizer... mais q perfeita.
(Tchii, grande testamento xD)

Que Nyx te abençoe!
Bjs,
Joana

Catarina disse...

Gostei, tá mt bom. Desculpa mas sinceramente hoje não me sai nada de jeito :(
Continua jeitoso!

bjs,
Cat

Anónimo disse...

Muito bom mxm adorei mas como disse a joana ta mt pequeno pk ficamos mxm curiosas!!!

Que nyx te abençõe

Anónimo disse...

Uau mt bom mxm. gostei gostei continua a escrever!!! Tu és o autor da outra fic a especial marcada certo??? Uau é mt fixe ver do ponto de vista da Kayla. Quando vai haver proximo episodio?

Bjx que Nyx te abençõe

Angie; disse...

Adorei ler a perspectiva de lenobia! adorei msm msm! Fantastico!