"Abandoned"
Capítulo 7: Daihoma
“Miauf!”
-Sim, eu sei! Eu também não queria acordar!
Mas tinha. Por isso levantei-me e dirigi-me ao meu armário, para ver o que ia vestir.
Fiquei surpresa por ver que a parte do armário com as roupas de Stevie Rae estava novamente cheio, e pensei que tudo tinha sido um sonho, por um segundo (eu sou meio avariada de manhã) antes de perceber que aquilo eram só algumas camisolas com o símbolo de terceiranista, um ou dois pares de calças (eles na Casa da Noite oferecem sempre umas, com a imagem de Nyx com os braços abertos –muito parecida com a dos professores, mas sem a lua – bordada no bolso) e alguns símbolos que ela poderia adicionar à própria roupa, embora a maioria preferisse manda-los coser através do serviço da escola –acreditem, tentei cose-los manualmente uma vez, e estraguei a camisola novinha em folha!
Virei-me para o meu lado do armário onde estavam as minhas calças, algumas camisolas que não davam para dobrar, casacos e um ou dois vestidos. Senti um nó na garganta –um deles era o vestido que Erik me tinha trazido de Nova Iorque, quando viera do concurso de monólogos de Shakespeare. Eu pensava que aquele vestido não podia ser lavado, devido ao sangue de Stevie Rae, mas mesmo assim ele estava ali, brilhante e novinho, preparado para o meu Ritual da Lua Cheia.
Ops! Com aquelas confusões todas esquecera-me de preparar o Ritual da Lua Cheia! Já estava tudo combinado, antes daquela zanga idiota: Deino tinha subido ao conselho de perfeitos. Para substituir Stevie Rae, eu ainda não escolhera ninguém, porque queria avaliar os alunos no Ritual seguinte, e não podia escolher Jack para o lugar, pois estariam demasiados amigos meus. Então Deino teria de substituir Stevie Rae no Ritual, porque Erik dissera que devia ser uma rapariga.
Mas agora eu não sabia o que havia de fazer! Hoje era o ultimo dia de aulas, porque quinta –o dia da chegada de Alisha –começavam as ferias. O Natal era na segunda, e o Ritual na quarta. Então eu só tinha (contas não é comigo…) seis dias para ver se conseguia que eles me começassem a falar, antes do Ritual. No entanto, a única maneira de o fazer era contando a verdade, como dizia em todas as historias infantis, mas eu acho que nas historias infantis não existem vampyros vermelhos sedentos de sangue a raptar humanos e que provavelmente matariam quem quer que se aventurasse nos seus túneis, uma amiga morta-viva e uma sumo-sarcedotista que era o Diabo em pessoa, e que se fingia de Anjo… Pois, as historias infantis dizem que devemos dizer a verdade, mas nunca nenhuma delas referiu se devemos ou não dizer a verdade, quando isso diz respeito ao bem estar dos nossos melhores amigos… Ou mesmo à sua vida…
Mesmo assim, não tinha tempo para pensar. Desci rapidamente as escadas (mas não sem antes ter vestido o meu top azul escuro e as calças pretas, super confortáveis que a minha avó me tinha dado à uns dias) e fui tomar o pequeno-almoço (à base de Count Chocula) , para depois sair para o dia soalheiro, que não condizia nada com a previsão de chuva persistente.
Cheguei à aula de sociologia mais depressa do que imaginara, e sentei-me no meu lugar habitual, ao lado de Damien. Ente deitava-me olhares ocasionais, e no seu olhar eu podia ver algo como uma suplica, antes de ele se virar para a frente e fingir que era indiferente a mim –e era aqui que Damien se revelava verdadeiramente gay, quando tocava a ignorara alguém. Ele queria que eu desse o braço a torcer, mas eu não sabia o que diria para o fazer.
-Hoje não vale a pena tirarem os vossos manuais! Vamos dar uma aula sobre o Vinte e Cinco de Dezembro, que a maioria de vocês conhece como Natal. –disse Neferet, entrando na sala.
-Alguém me sabe dizer o nome do Vinte e Cinco de Dezembro? Para os vampyros, é claro.
Damien levantou o braço, assim que Neferet acabou de falar.
-Mais alguém sem ser o Damien? –soltou um longo suspiro. Era sempre Damien o único a saber as coisas de que ninguém se lembrava –Muito bem, Damien, podes responder.
-Na nossa religião, na religião que segue Nyx, a dos vampyros, o Vinte e Cinco de Dezembro chama-se Daihoma, e comemor…
-Muito bem Damien, sei que conheces aquilo que comemora, mas gostava que outra pessoa me respondesse. –e olhou expectante para nós, ninguém se moveu –Bem, visto que ninguém sabe isto, podes falar Damien.
-E comemora o dia em que Nyx falou a Dorathima, uma criança na altura, sendo a própria Deusa a marca-la e a conceder-lhe o poder de marcar, para que pudesse ser outra pessoa, um mortal a marcar os vampyros e a conceder-lhes a sua categoria, tornando-a uma sumo-sarcedotista, que guiará os vampyros por muito tempo, e também a mãe de todos eles.
-Está certo Damien. Por outras palavras, Nyx andava à muito na terra, sobre a forma de mortal, a espalhar o vampyrismo pelos que achava serem mais dotados e capacitados, ajudando-os a passar pela mudança. Quando pensou ter o numero certo de vampyros extremamente dotados, (eram vinte e seis, e falaremos neles daqui a pouco) marcou Dorathima e concedeu-lhe o poder de Marcar, para que ela própria pudesse criar os discípulos de Nyx, governando-os com os outros vampyros que tinha criado. É claro que Dorothima não possuía todos os dotes da Deusa, por isso falhava (ás vezes) naqueles que Marcava, condenando-os à morte. Isso ainda hoje acontece, não por culpa dos vampyros, visto que nós não temos culpa de errar, embora aconteça muito menos.
Nyx deixou a terra passados vinte e sete dias, dedicando cada um deles a um dos seus filhos.
É por isso que o período de vinte e sete dias a seguir ao Daihoma é Sagrado para nós, e é por isso que nenhum vampyro trabalha ou faz algo que não seja descansar -ou orientar, como temos de fazer aqui na casa da noite -e se dedica a actividades de lazer.
Alguma duvida?
Como todos pareciam ter percebido, Neferet continuou:
-Agora, os vinte e sete filhos de Nyx são: Dorothima, “ A Vampyra Mãe”; Ramxes, “O Estudioso”; Aramisiha, “A Bela”; Orrcacirio, “O Pensante; Marrmatelo, “O Filho Formoso”; Ferrdanitho, “A Generosa”; Kaieph, “A Guerreira”; Erniya, “A Determinada”, Ublamithiadr, “A Pronunciada”; Welif, “O Desejado”; Beynnatha, “A Proibida”; Elebhatarremiare, “A Rebelde”…
E disse mais um monte deles.
-Quero que escolham um deles para fazerem o vosso trabalho de casa. Não se esqueçam de o fazer antes do Daihoma, porque vou pedi-los dia vinte e quatro!
“Que coisa interessante” pensei, enquanto saia da sala “Nunca pensei que o Natal pudesse ser outra coisa…”
Fui a pensar nisto até à aula seguinte, e no como fora burra ao pensar que os vampyros celebrariam o Natal…
-Sim, eu sei! Eu também não queria acordar!
Mas tinha. Por isso levantei-me e dirigi-me ao meu armário, para ver o que ia vestir.
Fiquei surpresa por ver que a parte do armário com as roupas de Stevie Rae estava novamente cheio, e pensei que tudo tinha sido um sonho, por um segundo (eu sou meio avariada de manhã) antes de perceber que aquilo eram só algumas camisolas com o símbolo de terceiranista, um ou dois pares de calças (eles na Casa da Noite oferecem sempre umas, com a imagem de Nyx com os braços abertos –muito parecida com a dos professores, mas sem a lua – bordada no bolso) e alguns símbolos que ela poderia adicionar à própria roupa, embora a maioria preferisse manda-los coser através do serviço da escola –acreditem, tentei cose-los manualmente uma vez, e estraguei a camisola novinha em folha!
Virei-me para o meu lado do armário onde estavam as minhas calças, algumas camisolas que não davam para dobrar, casacos e um ou dois vestidos. Senti um nó na garganta –um deles era o vestido que Erik me tinha trazido de Nova Iorque, quando viera do concurso de monólogos de Shakespeare. Eu pensava que aquele vestido não podia ser lavado, devido ao sangue de Stevie Rae, mas mesmo assim ele estava ali, brilhante e novinho, preparado para o meu Ritual da Lua Cheia.
Ops! Com aquelas confusões todas esquecera-me de preparar o Ritual da Lua Cheia! Já estava tudo combinado, antes daquela zanga idiota: Deino tinha subido ao conselho de perfeitos. Para substituir Stevie Rae, eu ainda não escolhera ninguém, porque queria avaliar os alunos no Ritual seguinte, e não podia escolher Jack para o lugar, pois estariam demasiados amigos meus. Então Deino teria de substituir Stevie Rae no Ritual, porque Erik dissera que devia ser uma rapariga.
Mas agora eu não sabia o que havia de fazer! Hoje era o ultimo dia de aulas, porque quinta –o dia da chegada de Alisha –começavam as ferias. O Natal era na segunda, e o Ritual na quarta. Então eu só tinha (contas não é comigo…) seis dias para ver se conseguia que eles me começassem a falar, antes do Ritual. No entanto, a única maneira de o fazer era contando a verdade, como dizia em todas as historias infantis, mas eu acho que nas historias infantis não existem vampyros vermelhos sedentos de sangue a raptar humanos e que provavelmente matariam quem quer que se aventurasse nos seus túneis, uma amiga morta-viva e uma sumo-sarcedotista que era o Diabo em pessoa, e que se fingia de Anjo… Pois, as historias infantis dizem que devemos dizer a verdade, mas nunca nenhuma delas referiu se devemos ou não dizer a verdade, quando isso diz respeito ao bem estar dos nossos melhores amigos… Ou mesmo à sua vida…
Mesmo assim, não tinha tempo para pensar. Desci rapidamente as escadas (mas não sem antes ter vestido o meu top azul escuro e as calças pretas, super confortáveis que a minha avó me tinha dado à uns dias) e fui tomar o pequeno-almoço (à base de Count Chocula) , para depois sair para o dia soalheiro, que não condizia nada com a previsão de chuva persistente.
Cheguei à aula de sociologia mais depressa do que imaginara, e sentei-me no meu lugar habitual, ao lado de Damien. Ente deitava-me olhares ocasionais, e no seu olhar eu podia ver algo como uma suplica, antes de ele se virar para a frente e fingir que era indiferente a mim –e era aqui que Damien se revelava verdadeiramente gay, quando tocava a ignorara alguém. Ele queria que eu desse o braço a torcer, mas eu não sabia o que diria para o fazer.
-Hoje não vale a pena tirarem os vossos manuais! Vamos dar uma aula sobre o Vinte e Cinco de Dezembro, que a maioria de vocês conhece como Natal. –disse Neferet, entrando na sala.
-Alguém me sabe dizer o nome do Vinte e Cinco de Dezembro? Para os vampyros, é claro.
Damien levantou o braço, assim que Neferet acabou de falar.
-Mais alguém sem ser o Damien? –soltou um longo suspiro. Era sempre Damien o único a saber as coisas de que ninguém se lembrava –Muito bem, Damien, podes responder.
-Na nossa religião, na religião que segue Nyx, a dos vampyros, o Vinte e Cinco de Dezembro chama-se Daihoma, e comemor…
-Muito bem Damien, sei que conheces aquilo que comemora, mas gostava que outra pessoa me respondesse. –e olhou expectante para nós, ninguém se moveu –Bem, visto que ninguém sabe isto, podes falar Damien.
-E comemora o dia em que Nyx falou a Dorathima, uma criança na altura, sendo a própria Deusa a marca-la e a conceder-lhe o poder de marcar, para que pudesse ser outra pessoa, um mortal a marcar os vampyros e a conceder-lhes a sua categoria, tornando-a uma sumo-sarcedotista, que guiará os vampyros por muito tempo, e também a mãe de todos eles.
-Está certo Damien. Por outras palavras, Nyx andava à muito na terra, sobre a forma de mortal, a espalhar o vampyrismo pelos que achava serem mais dotados e capacitados, ajudando-os a passar pela mudança. Quando pensou ter o numero certo de vampyros extremamente dotados, (eram vinte e seis, e falaremos neles daqui a pouco) marcou Dorathima e concedeu-lhe o poder de Marcar, para que ela própria pudesse criar os discípulos de Nyx, governando-os com os outros vampyros que tinha criado. É claro que Dorothima não possuía todos os dotes da Deusa, por isso falhava (ás vezes) naqueles que Marcava, condenando-os à morte. Isso ainda hoje acontece, não por culpa dos vampyros, visto que nós não temos culpa de errar, embora aconteça muito menos.
Nyx deixou a terra passados vinte e sete dias, dedicando cada um deles a um dos seus filhos.
É por isso que o período de vinte e sete dias a seguir ao Daihoma é Sagrado para nós, e é por isso que nenhum vampyro trabalha ou faz algo que não seja descansar -ou orientar, como temos de fazer aqui na casa da noite -e se dedica a actividades de lazer.
Alguma duvida?
Como todos pareciam ter percebido, Neferet continuou:
-Agora, os vinte e sete filhos de Nyx são: Dorothima, “ A Vampyra Mãe”; Ramxes, “O Estudioso”; Aramisiha, “A Bela”; Orrcacirio, “O Pensante; Marrmatelo, “O Filho Formoso”; Ferrdanitho, “A Generosa”; Kaieph, “A Guerreira”; Erniya, “A Determinada”, Ublamithiadr, “A Pronunciada”; Welif, “O Desejado”; Beynnatha, “A Proibida”; Elebhatarremiare, “A Rebelde”…
E disse mais um monte deles.
-Quero que escolham um deles para fazerem o vosso trabalho de casa. Não se esqueçam de o fazer antes do Daihoma, porque vou pedi-los dia vinte e quatro!
“Que coisa interessante” pensei, enquanto saia da sala “Nunca pensei que o Natal pudesse ser outra coisa…”
Fui a pensar nisto até à aula seguinte, e no como fora burra ao pensar que os vampyros celebrariam o Natal…
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